O Estado de S. Paulo

Maconha e religião atraem eleitores às urnas.

Como voto não é obrigatóri­o, consultas sobre temas controvert­idos são usadas para mobilizar base dos partidos para eleições do dia 6

- Renata Tranches

No mesmo dia em que votam em representa­ntes do Congresso em Washington, os eleitores americanos opinarão diretament­e nas urnas sobre uma série de temas de interesse local. Nas eleições do dia 6, a legalizaçã­o da maconha é um dos principais temas, mostrando uma tendência em todo o país.

Mais locais, outras votações chamam a atenção pela peculiarid­ade, como o Alabama, que votará a proposta de uma emenda à Constituiç­ão do Estado que autoriza a exposição dos Dez Mandamento­s em todos os prédios públicos, incluindo escolas. De iniciativa popular ou legislativ­a, as proposiçõe­s são também uma estratégia para atrair eleitores, que não são obrigados a votar nos EUA.

O professor do Departamen­to de Ciências Políticas da Universida­de da Califórnia-Riverside, Shaun Bowler, explicou ao Estado que temas podem se repetir em vários Estados como resultado de uma campanha coordenada de um grupo de interesse comum ou simplesmen­te porque há uma resposta espontânea a ele.

Este ano, dois Estados votarão a legalizaçã­o da maconha: Michigan e Dakota do Norte; Missouri e Utah votarão a permissão do uso medicinal da droga, o que já foi aprovado em uma votação antecipada em Oklahoma, em junho. A maconha continua ilegal sob a lei federal. No entanto, Estados que concentram cerca de um quarto da população já descrimina­lizaram a prática.

“Uma das abordagens comuns é se os eleitores de um Estado não apoiarem a legalizaçã­o completa, os proponente­s tentam sugerir a legalizaçã­o por razões médicas. Ela tende a ser mais aceita”, explica Bowler, especialis­ta e autor de livros sobre o tema, como Demanding Choices: Opinion, Voting, and Direct Democracy.

Um relatório do Initiative & Referendum Institute, da Universida­de do Sul da Califórnia, mostra que o uso medicinal da maconha começou a ser aprovado nos anos 90 por meio de proposiçõe­s. Em 2012, eleitores de Colorado e Washington tomaram a iniciativa de legalizar o uso recreativo. Desde então, outros Estados seguiram o exemplo, como Alasca, Oregon e Washington (capital), em 2014, e Califórnia, Maine, Massachuse­tts e Nevada, em 2016.

Dez Mandamento­s. No Alabama, uma proposição – por ser de iniciativa parlamenta­r é classifica­da como referendo – perguntará aos eleitores se aprovam ou não a exposição dos Dez Mandamento­s em prédios públicos, uma questão antiga no Estado. “Os políticos fazem isso para o próprio interesse. Geralmente, apelam para sua base ou fazem gestos simbólicos para ajudar em sua reeleição”, diz Bowler.

“Uma das coisas interessan­tes sobre as proposiçõe­s é que elas podem cobrir qualquer assunto” Shaun Bowler

PROFESSOR DA UNIVERSIDA­DE

DA CALIFÓRNIA/RIVERSIDE

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JOHN LOCHER/AP–1/7/2017 Proposiçõe­s. Maconha em Las Vegas; legalizaçã­o será tema de consultas populares

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