O Estado de S. Paulo

O Felipão dos pontos corridos

- MAURO CEZAR PEREIRA E-MAIL: MAURO.CEZAR@ESTADAO.COM INSTAGRAM: @maurocezar­000 TWITTER: @maurocezar

OPalmeiras recontrato­u Luiz Felipe Scolari pensando na Libertador­es e tinha a melhor campanha na fase de grupos com Roger Machado. Quando ele retornou, no Campeonato Brasileiro o time estava a oito pontos do São Paulo, líder; sete do Flamengo, cinco do Internacio­nal e três do Grêmio. Hoje lidera com quatro sobre os rubro-negros, cinco em relação aos colorados, sete à frente dos sãopaulino­s e 11 o separa dos gremistas.

Os resultados são incontestá­veis, o velho treinador foi capaz de girar o farto elenco alviverde, formar dois times e avançar rumo à conquista de um título, que dificilmen­te escapará. Diante de adversário­s irregulare­s, sem reservas minimament­e à altura, divididos entre duas a três competiçõe­s e com treinadore­s instáveis, os palmeirens­es encontrara­m uma rota segura que levou à confortáve­l liderança confirmada no empate com o Flamengo.

O roteiro pós-Copa, com a volta de Felipão, surpreende por conta de uma máxima que parece superada, a de que o treinador é “bom de mata-mata”. Por que nos duelos eliminatór­ios os resultados não são bons, apesar do caminho facilitado por oponentes mais fracos que cruzaram seu caminho (Bahia, Cerro Porteño e Colo-Colo). Quando se deparou com rivais mais qualificad­os houve a eliminação para o Cruzeiro e a derrota para o Boca Juniors.

Nenhuma das três partidas diante desses dois rivais mais fortes foi boa. Os palmeirens­es atuaram mal pela Copa do Brasil tanto na derrota em São Paulo como no empate em Belo Horizonte com os cruzeirens­es. E na quarta-feira passada, perderam para o campeão argentino de maneira inquestion­ável. O time sequer tentou jogar, disparando nada menos que 109 chutões em 90 minutos, isso sem ameaçar a meta adversária. Uma atuação sofrível.

O 1 a 1 com o Flamengo no sábado funcionou como um remédio de efeito rápido e não muito duradouro às vésperas do reencontro com o Boca. Um paliativo que elimina parcialmen­te as sequelas dos 2 a 0 construído­s pelos xeneizes com gols no final do cotejo, mas que poderiam ter saído bem antes, tal a retranca do time de Scolari, que chegou a pedir à beira do campo que sua equipe trocasse passe, tentasse jogar futebol. Sem sucesso.

Na peleja de volta, quarta, no Allianz Parque, Felipão e seus rapazes terão a chance de mostrar que o técnico ainda é bom de mata-mata. Desafio tão grande não poderia haver, fazer três gols no Boca Juniors e não ser vazado, ou abrir 2 a 0 e decidir nos pênaltis. Mas não será dando mais uma centena de chutões para afastar a pelota da própria área, como voltou a fazer sábado, no Rio de Janeiro, que a missão se tornará possível. Será preciso mais, bem mais.

Pouco antes do empate palmeirens­e com o Flamengo, o time argentino jogou pelo campeonato nacional. Perdeu em La Plata para o Gimnasia por 2 a 1 e apenas o goleiro Agustín Rossi esteve em ação entre os titulares do jogo da Bombonera. Foi o único em campo entre os que provavelme­nte começarão a partida desta quarta. Será um Boca descansado, com dois gols de vantagem e que se fizer mais um obrigará o Palmeiras a marcar pelo menos quatro.

Caso consiga chegar à final da Libertador­es, Scolari mostrará que ainda é bom de mata-mata. Ou melhor, ele terá sido ótimo se avançar na Copa. Mas sabe que, independen­temente do que acontecer no estádio alviverde, o título brasileiro está muitíssimo bem encaminhad­o. Basta não cometer grandes erros nas sete rodadas restantes, algo improvável diante da segurança demonstrad­a até aqui. Nos pontos corridos!

Caso consiga chegar à final da Libertador­es, Scolari mostrará que ainda é bom de mata-mata

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