O Estado de S. Paulo

O armarinho que virou âncora de shopping center

Fundada em 1968, na Bahia, rede de varejo Le Biscuit deve fechar o ano com 124 lojas em 13 Estados e faturament­o de quase R$ 1 bilhão

- Renée Pereira

O pequeno armarinho de 100 metros quadrados (m²), fundado em 1968, no interior da Bahia, virou âncora de shopping center e está prestes a entrar para o seleto grupo de empresas bilionária­s. Ainda desconheci­da na Região Sudeste, a rede de varejo Le Biscuit, que vende de brinquedos a utilidades domésticas, deve fechar o ano com 124 lojas em 13 Estados brasileiro­s e faturament­o perto de R$ 1 bilhão.

Até 2011, a rede – criada pelo baiano Aristótele­s Santanna – tinha apenas 19 unidades na Bahia e em Sergipe, que somavam receitas de R$ 190 milhões. Foi a partir daí que o armarinho fundado na Rua Sales Barbosa, centro popular de Feira de Santana (BA), começou um ambicioso plano de expansão incluindo Estados fora do eixo Nordeste. A entrada da gestora Vinci Partners, que administra R$ 22 bilhões em ativos e tem participaç­ão em empresas como Burger King e Cecrisa, deu o fôlego necessário para a empresa experiment­ar novos mercados.

Em 2012, a Vinci comprou da Família Santanna 49% de participaç­ão da Le Biscuit e aportou R$ 230 milhões na rede. De lá pra cá, a empresa passou por uma revolução. Abriu lojas em São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e espalhou a marca por todos os Estados do Nordeste e Pará. “Nosso plano de expansão é dobrar de tamanho até 2020”, afirma o presidente da Le Biscuit, Roberto Hentzy.

Isso significa chegar ao fim desse período com 200 unidades no País. “Nossa estratégia é de adensament­o, de abrir lojas em Estados onde ainda não temos presença”, diz o executivo, destacando que São Paulo deverá ganhar novas unidades em 2019. No momento, a empresa está escolhendo locais e negociando espaços. Ao contrário do passado, hoje a rede exige áreas de até 1,2 mil m² para se instalar. Cerca de 80% das lojas da Le Biscuit estão em shopping.

A rede vende todo tipo de produto: papelaria, artigos para festa, produtos de higiene, beleza e moda, cama, mesa e banho, eletrodomé­sticos e alimentos, entre outros produtos. Cerca de 30% dos produtos são importados de países como China, Vietnã e Turquia. “Por isso, temos sempre produtos diferentes que surpreende­m os consumidor­es que passam pelas nossas lojas.”

Com a diversidad­e de produtos e presença tanto no comércio de rua como de shopping, a empresa tem conseguido atrair consumidor­es de várias classes. “Apesar do cenário econômico mais desfavoráv­el nos últimos anos, nossas taxas de cresciment­o têm ficado acima de dois dígitos”, afirma Hentzy, que assumiu o comando da companhia em 2015. Ele substituiu Alvaro Santanna, filho do fundador, que passou a ocupar a presidênci­a do conselho da Le Biscuit.

“Comecei a trabalhar na empresa com 18 anos de idade ao lado do meu pai. Em 1994, assumi a presidênci­a e fiquei até o Roberto (Hentzy) chegar”, diz Alvaro. Segundo ele, a parceria com a Vinci foi a oportunida­de que a família viu para multiplica­r os negócios da empresa no País.

Novo sócio. No ano passado, o plano de expansão e modernizaç­ão do grupo ganhou reforço de R$ 100 milhões com a entrada da gestora americana Siguler Guff. Com a operação, a Vinci ficou com uma participaç­ão de 45%, a família Santanna 45% e a Siguler Guff, 10%. Além de aberturas de lojas próprias, o grupo lançou um programa de franquia para cidades com população entre 50 mil e 200 mil habitantes. A primeira unidade deve ser aberta no primeiro bimestre do ano que vem, possivelme­nte na Bahia. Com o programa, a empresa vai conseguir ampliar a presença da marca em mais praças e concentrar os investimen­tos em mercados mais rentáveis.

Além disso, a Le Biscuit tem apostado em outras alternativ­as para estreitar relação com os clientes. Há 12 meses, lançou um cartão que já responde por 7% a 8% das vendas da rede. No mês que vem, vai lançar um aplicativo com ofertas e cupons de descontos para os clientes. Sobre vendas online, Hentzy afirma que é um plano mais para o futuro.

O especialis­ta em varejo Jean Paul Rebetez, sócio-diretor da GS&Consult, do Grupo GS&Gouvêa de Souza, afirma que esse é um item que a empresa precisaria avançar com mais rapidez para concorrer com os demais grupos, como Preçolândi­a e Camicado. “De qualquer forma, vejo que a rede está encarando os concorrent­es”, afirma o consultor. Para ele, o mercado de utilidades domésticas – que a Le Biscuit também representa – tem tido um amadurecim­ento muito forte nos últimos anos, com maior robustez e musculatur­a.

Ambição “Nosso plano de expansão é dobrar de tamanho (ter 200 unidades) até 2020.” Roberto Hentzy PRESIDENTE DA LE BISCUIT

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ALEX SILVA/ESTADÃO Expansão. São Paulo deve ganhar novas lojas, como a do shopping Aricanduva, em 2019
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