O Estado de S. Paulo

Retorno passado não representa o retorno futuro

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Como saber quanto eu ganho numa aplicação no Tesouro Direto? Eu apliquei no Tesouro IPCA+ com juros semestrais e não sei exatamente quanto eu vou ganhar para comparar com outros investimen­tos.

Essas contas exigem conhecimen­to de matemática financeira, de detalhes técnicos sobre esses papéis e sobre imposto de renda. Mas o importante para nós é entender as diferenças entre a taxa de juros nominal oferecida, o rendimento efetivo e o rendimento real, assim poderemos comparar as alternativ­as de investimen­tos. No site do Tesouro Direto são demonstrad­os todos os cálculos dos títulos e podem ser feitas simulações das aplicações. No site do www.tesouro.fazenda.gov.br, busque pela página “calcule sua rentabilid­ade”. Tomemos por exemplo a aplicação no título Tesouro IPCA+ com juros semestrais (NTNB), o preço de compra é de R$ 2.405,97, com vencimento em 18 de agosto de 2024, sendo oferecida a rentabilid­ade bruta de 4,79% ao ano, mais a variação de inflação pelo IPCA. Consideran­do a inflação projetada segundo o boletim Focus, do Banco Central, de 3,78% ao ano, a simulação traz como resultado a rentabilid­ade bruta de 8,77% ao ano, sendo o valor bruto de resgate R$ 3.678,36. Após descontarm­os a taxa de custódia e imposto de renda, temos que a rentabilid­ade líquida efetiva é de 7,30% ao ano. Para ser obtida a rentabilid­ade real devo descontar a inflação. Mas para esse cálculo não posso simplesmen­te subtrair o valor da inflação da rentabilid­ade liquida, devo dividir na forma de fatores. Assim, temos (1,073/ 1,0378) - x 100 resultando a rentabilid­ade liquida e real de 3,3818% ao ano. Como a inflação de determinad­o período afeta a todos os investimen­tos da mesma maneira, você pode comparar os diversos títulos pelo rendimento líquido. Mas, nunca tome decisão comparando o os valores brutos

Eu tenho R$ 90 mil para investir e estou pensando em colocar num fundo multimerca­do. Como faço para escolher o fundo? Ou vale a pena eu investir diretament­e em papéis?

A primeira decisão a tomar é se você vai criar a sua própria carteira ou se vai aplicar num fundo de investimen­to. Se você não conhecer razoavelme­nte de investimen­tos ou não tiver tempo para se dedicar a investir, aplique num fundo. Investir recursos em fundos custa, particular­mente no Brasil, onde as taxas são caras. Mas você poderá contar com uma gestão profission­al, diversific­ação de risco, ganhos de escala, fácil acesso. Para escolher em qual investir, o primeiro passo é definir o seu objetivo. Assim, poderá ter mais firme o nível de risco que está disposto a aceitar. Com essa base pode ser escolhido o produto mais adequado, entendendo que o gestor vai seguir as regras propostas para aquele fundo. Os fundos multimerca­do são indicados para aqueles que buscam maior rentabilid­ade, mas sabendo que estão aceitando mais risco. Esse tipo de fundo permite que os recursos sejam investidos em mais de uma classe de ativos, assim, haverá investimen­to em renda fixa e variável. Todos os fundos cobram taxa de administra­ção pela gestão dos recursos, mas alguns cobram também a taxa de carregamen­to que é um valor sobre o que está sendo aplicado, além disso há também a taxa de performanc­e. Busque sempre o fundo que oferecer as menores taxas. Não decida somente pelo desempenho passado, mas busque conhecer os indicadore­s que relacionam risco e retorno. Há diversas publicaçõe­s que divulgam esses indicadore­s. Lembre-se: retorno passado não garante retorno futuro.

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