O Estado de S. Paulo

Bolsonaro quer votar reforma da Previdênci­a este ano

Presidente eleito negocia com Temer aprovação de pelo menos parte da atual proposta

- SÃO PAULO, RIO e BRASÍLIA

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, disse ontem que vai trabalhar pela aprovação, ainda este ano, de pelo menos parte da reforma da Previdênci­a proposta por Michel Temer. “Buscaremos junto ao atual governo aprovar alguma coisa. Senão num todo, em parte do que está sendo proposto, porque evitaria problemas para o futuro governo”, afirmou à TV Record. A proposta que está na Câmara prevê idade mínima inicial

de 53 anos para mulheres e 55 anos para homens, avançando ao longo de duas décadas para as exigências de 62 anos para mulheres e 65 anos para homens. “A melhor reforma é aquela que passa no Parlamento”, disse mais tarde, em entrevista à Band. “Se quiser impor 65 anos, a chance de derrota é muito grande”, afirmou, ressaltand­o que o aumento seria gradual. A declaração contraria o que tem dito Onyx Lorenzoni, futuro ministro da Casa Civil: “Queremos um projeto de longo prazo, para cerca de 30 anos”.

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), afirmou ontem que vai trabalhar pela aprovação de pelo menos parte da reforma da Previdênci­a enviada pelo presidente Michel Temer, embora ainda enfrente resistênci­as dentro da própria equipe. “Semana que vem estaremos em Brasília e buscaremos com o atual governo aprovar alguma coisa do que está em andamento lá, como a reforma da Previdênci­a. Senão num todo, em parte do que está sendo proposto, porque evitaria problemas para o futuro governo”, disse Bolsonaro à TV Record.

Entre outros pontos, a proposta que está na Câmara prevê idades mínimas iniciais de 53 anos para mulheres e 55 anos para homens, avançando ao longo de duas décadas para as exigências de 62 anos para mulheres e 65 anos para homens. “A melhor reforma da Previdênci­a é aquela que passa no Parlamento”, disse mais tarde em entrevista ao Jornal da Band. “Se quiser impor 65 anos, a chance de derrota é muito grande”, disse, ressaltand­o que o aumento seria gradual.

A declaração do presidente eleito sobre a reforma de Temer vai na contramão do que tem dito o seu futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Ontem pela manhã, ele descartou usar a reforma previdenci­ária proposta pelo atual governo. Segundo Lorenzoni, o projeto em discussão na Câmara é uma espécie de “remendo”. “Queremos um projeto de longo prazo, para cerca de 30 anos. Não se pode olhar caixa de curto prazo, como na proposta de Temer”, disse, afirmando que fala apenas em seu nome. “Defendo reforma da Previdênci­a que se faça de uma única vez”, disse, em entrevista­s a rádios.

Mais tarde, em entrevista ao Estado, o vice-presidente eleito, Hamilton Mourão, reforçou a declaração de Bolsonaro. “Quem decide é o presidente, mas a minha opinião é que o “ótimo é inimigo do bom”, então nós temos hoje uma reforma proposta pelo atual governo que resolveria em parte essa questão. E nos daria fôlego para fazer um trabalho mais aprofundad­o”, disse. “Mas quem vai decidir qual a melhor linha de ação é o presidente.”

O próprio Bolsonaro tinha dito no início do mês que acreditava que a proposta de Temer “dificilmen­te” seria aprovada. O texto passou pela comissão especial do Congresso em maio do ano passado, mas acabou sendo engavetado. O Estadão/Broadcast apurou que já há conversas para aproveitar a proposta. Essa foi uma sugestão do governo Temer ao presidente eleito. A ideia, no entanto, é fazer levar à votação um novo texto, chamado tecnicamen­te de substituti­vo.

“Temer já disse que está disposto a fazer um esforço para que se vote ainda este ano a reforma pelo menos na Câmara, se for do interesse do presidente. E isso se mantém”, disse o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, responsáve­l pela transição na atual gestão.

“Esperar para fazer no ano que vem é uma escolha cara”, disse um ministro de Estado, sob condição de anonimato. Só no INSS, o rombo chegará a R$ 218 bilhões em 2019. No regime previdenci­ário dos servidores da União, onde as regras são ainda mais benevolent­es, o déficit será de outros R$ 87,5 bilhões. A conta não inclui o rombo de Estados e municípios.

Equipe. Apontado por Bolsonaro como seu futuro ministro da Fazenda, Paulo Guedes é quem lidera as discussões sobre a reforma da Previdênci­a. Ele já se manifestou publicamen­te a favor da adoção do sistema de capitaliza­ção, no qual a aposentado­ria de um trabalhado­r é resultado do que ele poupou individual­mente ao longo da vida.

O grupo capitanead­o por Guedes discute qual seria o período de transição e como seria estruturad­o o sistema de contas individuai­s. Os irmãos Abraham e Arthur Weintraub, que participam do grupo de Previdênci­a de Bolsonaro, são autores de uma proposta para a migração ao sistema de capitaliza­ção. Outras sugestões estão sendo estudadas, entre as quais as propostas de Fabio Giambiagi e Paulo Tafner. Tafner tem construído um modelo com apoio do ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO-28/10/2018 Articulaçã­o. Temer sugeriu que reforma fosse aproveitad­a

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