O Estado de S. Paulo

Militares querem ter 25 cargos na transição

Executivo. Grupo chefiado pelos generais da reserva Augusto Heleno e Oswaldo Ferreira envia lista de 25 nomes a Onyx Lorenzoni, que deve coordenar processo de troca de governo

- Lorenna Rodrigues / BRASÍLIA / COLABORARA­M JULIA LINDNER e LÍGIA FORMENTI

O chamado “grupo de Brasília”, comandado pelos generais da reserva Augusto Heleno e Oswaldo Ferreira, entregou uma lista de 25 nomes ao deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que deve coordenar a transição do governo Temer para a gestão de Jair Bolsonaro. As demais indicações serão feitas pela equipe econômica da campanha, liderada pelo economista e futuro ministro da Fazenda, Paulo Guedes, e pelo núcleo político.

Os diferentes grupos que assessorar­am o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), durante a campanha começaram a definir a equipe que atuará na transição do governo. O chamado “grupo de Brasília”, comandado pelos generais da reserva Augusto Heleno e Oswaldo Ferreira, já submeteu uma lista de 25 nomes ao deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que deve coordenar a transição.

As outras indicações, segundo apurou o Estadão/Broadcast, serão feitas pela equipe econômica da campanha, que teve o economista e futuro ministro da Fazenda, Paulo Guedes, à frente, e pelo núcleo político. Heleno já foi anunciado como futuro ministro da Defesa por Bolsonaro, enquanto Ferreira deverá ocupar alguma pasta na área de infraestru­tura.

O grupo chefiado pelos militares será responsáve­l pela transição em áreas como saúde, segurança, infraestru­tura, trabalho, meio ambiente, internacio­nal, justiça e defesa. Entre os nomes indicados estão o do professor universitá­rio Paulo Coutinho, para a área de ciência e tecnologia; do diretor do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) Alexandre Ywata, para meio ambiente; do consultor e coronel da reserva do Corpo de Bombeiros Luiz Blumm, para saúde e defesa; e do tenente-coronel dos Bombeiros Paulo Roberto, para a educação.

São pessoas que já vinham se reunindo em um hotel em Brasília para assessorar a campanha de Bolsonaro – alguns em contato direto com o então candidato –, municiando estudos e projetos tocados pelo grupo de generais.

Embora longe do núcleo mais próximo do candidato, o grupo formado pelo militares foi um dos pilares da campanha que elegeu Bolsonaro, dando respaldo para propostas em áreas como infraestru­tura. A ideia é que eles tomem pé da situação de cada ministério e comandem os grupos temáticos que atuarão no centro de transição, montado no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília.

Coordenado­r da transição e já confirmado como futuro chefe da Casa Civil, Lorenzoni dará a palavra final sobre a lista dos nomes que ocuparão os 50 cargos disponívei­s para a equipe de transição, com salários que variam de R$ 2 mil a R$ 16 mil.

Os membros da equipe de transição devem tomar posse dois dias após serem indicados e ficam no cargo de forma temporária até dez dias após a posse do novo presidente da República. Antes de assumir, passarão pelo crivo da área jurídica

do Palácio do Planalto, que vai verificar se existe algum tipo de impediment­o para nomeação em cargo público.

Ontem, em entrevista no Palácio do Planalto, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse que aguarda Lorenzoni para uma reunião amanhã em Brasília. Ele afirmou que o CCBB está pronto para receber a equipe de transição, assim que ela for indicada. “O espaço para a transição já está perfeitame­nte instalado com móveis, computador­es, recepção de prédio, segurança da Polícia Federal”, disse. Padilha não descartou a possibilid­ade de a Força Nacional reforçar a segurança do prédio.

No local, estão disponívei­s 22 gabinetes para a equipe de transição, incluindo as duas salas especiais para o presidente e o vice-presidente eleitos, em áreas reservadas. Também serão oferecidas 78 posições de trabalho.

Com 50 cargos disponívei­s, a projeção da campanha é de que mais pessoas trabalhem como voluntário­s – são esperados cerca de 300 integrante­s. Serão nomeados apenas aqueles que precisam deixar outras funções no governo ou são peças-chave nas equipes. Os próprios generais da reserva, como Heleno e Ferreira, não deverão receber cargos na transição oficialmen­te.

Pastas. Em paralelo, os assessores aguardam decisões que caberão ao próprio presidente eleito, como o número efetivo de ministério­s que serão mantidos. De acordo com fontes, a tendência hoje é de que Bolsonaro mantenha separado os ministério­s dos Transporte­s e de Minas e Energia. O candidato chegou a dizer que as pastas seriam fundidas em um Ministério de Infraestru­tura, mas a avaliação agora é de que isso dificultar­ia o dia a dia das áreas.

Também hoje a expectativ­a é de que Bolsonaro não una os ministério­s do Meio Ambiente e da Agricultur­a, como chegou a anunciar. O próprio presidente eleito disse na semana passada que a proposta pode ser revista.

O grupo de Brasília também prepara as prioridade­s para os cem primeiros dias do próximo presidente. Na área de infraestru­tura, por exemplo, a primeira ação será concluir obras como a da BR-163 e fazer estudos sobre a viabilidad­e de todas as obras paralisada­s no governo.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO Acesso restrito. Policiais da Força Nacional fazem segurança no CCBB, em Brasília, onde funcionará o governo de transição

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