Merkel vai se aposentar em 2021
Fim da linha. Após 13 anos à frente do país, chanceler alemã sai das urnas derrotada em eleição regional de Hesse, diz que não tentará reeleição como líder do seu partido, a União Democrata-Cristã, e deixará cargo depois das próximas eleições parlamentare
Após derrota em eleições regionais, chanceler alemã diz que não tentará reeleição como líder do seu partido, a UDC, e deixará cargo depois da eleição parlamentar.
A crise política que abala seu quarto governo obrigou ontem a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, a anunciar o fim de sua carreira política. A data fixada, caso a líder democrata-cristã não venha a cair antes do posto que ocupa desde 2005, será o fim da atual legislatura, em 2021 – o limite para novas eleições parlamentares.
A dama de ferro, que vem sofrendo revezes eleitorais em sequência, abandonará em dezembro o comando de seu partido, a União Democrata-Cristã (CDU), e com isso não poderá assumir a chefia de governo.
A turbulência se agravou no domingo, quando sua legenda sofreu um novo revés eleitoral, dessa vez em Hesse, a região de Frankfurt. Na cidade, importante centro econômico e político, a CDU venceu a eleição para o parlamento regional com 27% dos votos, mas registrou um recuo de 11 pontos porcentuais em relação a 2013. Perda similar foi sofrida pelo Partido SocialDemocrata (SPD), parceiro da CDU na coalizão nacional, que recebeu 19,8% dos votos, outro recorde negativo.
A situação reforçou os questionamentos nos dois partidos sobre a viabilidade política da aliança no longo prazo. Ambas as legendas, as mais tradicionais da Alemanha, vêm perdendo eleitorado para novas agremiações, como a Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema direita, e os Verdes, ambientalistas de centro-esquerda.
Contribui ainda para a contestação crescente da liderança de Merkel a perda de popularidade que a chanceler enfrenta desde 2015, quando recebeu mais de um milhão de refugiados. Ainda que elogiada do ponto de vista humanitário, a atitude foi reprovada pela opinião pública e, desde então, a chanceler vem perdendo terreno.
Novos líderes. Ao anunciar sua disposição de deixar o cargo de chefe do partido, Merkel tenta abrir caminho para que novas lideranças surjam na CDU, para garantir a hegemonia da legenda. No entanto, ao mesmo tempo, muda de ideia sobre a união indissociável entre a liderança partidária e a chefia de governo. “Estou convencida de que os dois postos são ligados. Mas não serei candidata à reeleição”, informou ontem. “Por um período limitado, é possível separar as duas funções.”
Em um pronunciamento em que disse não ser mais possível fazer vista grossa à crise política, Merkel admitiu também os problemas em sua aliança. “A imagem apresentada pela coalizão é inaceitável. Eu me esforço para permitir que o governo faça, enfim, seu trabalho em boas condições”, reconheceu, referindo-se às críticas do SPD ao funcionamento do governo.
Considerada líder forte da União Europeia até as eleições de setembro de 2017, Merkel ainda pode se tornar a chanceler mais longeva da história da Alemanha, se conseguir de fato se manter no cargo até 2021.
Principal parceiro político da chanceler em Bruxelas, o presidente da França, Emmanuel Macron, elogiou a posição de Merkel. “É uma decisão extremamente respeitável e digna”, afirmou o francês, elogiando sua posição pró-Europa. “Ela jamais esqueceu quais são os valores da Europa, e com muita coragem dirige seu país.”
“Eu estou convencida de que os dois postos são ligados. Mas eu não serei candidata à reeleição. Por um período limitado, é possível separar as duas funções. Essa limitação é necessária” Angela Merkel
CHANCELER DA ALEMANHA