A recuperação do mercado de crédito
A tendência de recuperação do mercado de crédito observada nos últimos meses se acentuou em setembro. O saldo de crédito acumulado em 12 meses foi 3,9% maior do que o observado nos 12 meses anteriores, na maior variação porcentual desde fevereiro de 2016 para esse tipo de comparação, de acordo com o relatório Estatísticas monetárias e de crédito do Banco Central (BC). No caso do crédito livre, a alta foi de 9,7%, a maior desde maio de 2013, quando o País ainda não sentia os impactos da devastadora política econômica e fiscal da administração petista de Dilma Rousseff.
Embora lento, o recuo da inadimplência das pessoas físicas e, mais recentemente, também das pessoas jurídicas mostra a melhora da situação dos tomadores de crédito. A inadimplência nas operações de crédito com recursos livres (dos quais estão excluídos os recursos da poupança e do BNDES), de 4,1% em setembro, é a menor da série histórica, lembrou o chefe adjunto do Departamento de Estatísticas do BC, Renato Baldini.
Nos últimos anos cresceu a inadimplência, especialmente de pessoas jurídicas, observou Baldini. Desde 2016, no entanto, se observa a redução da inadimplência das pessoas físicas; no caso das jurídicas, os índices subiram até o ano passado, mas estão caindo desde o início deste ano. Em maio do ano passado, por exemplo, a inadimplência das empresas nas operações com recursos livres estava em 6%; em setembro último, baixou para 3,1%, pouco mais da metade.
O aumento de 0,4% do estoque total de operações de crédito entre agosto e setembro (quando alcançou R$ 3,169 trilhões) parece pequeno, mas a alta de 3,9% na comparação de 12 meses mostra que a demanda começa a aumentar, como consequência da melhora da atividade econômica e das expectativas das empresas e das famílias com relação à sua situação financeira futura.
A taxa média de juros no crédito livre ficou em 38,1% ao ano em setembro, pouco superior à de agosto (38,0%), mas menor do que a de um ano antes (43,2%).
Desde julho, os bancos oferecem parcelamento para dívidas no cheque especial, uma das modalidades mais caras do mercado. A expectativa dos bancos é de que, com a migração, essa taxas tendam a cair. Em setembro essas operações tiveram custo médio de 301,4% ao ano, ligeiramente inferior ao de agosto (303,2%).