O Estado de S. Paulo

Estatais custam R$ 20 bi por ano, diz estudo do Tesouro

Levantamen­to mostra que 18 estatais dependem da União para bancar atividades operaciona­is

- Idiana Tomazelli Adriana Fernandes / BRASÍLIA

Sem conseguir arrecadar recursos para bancar investimen­tos e até despesas operaciona­is, as estatais federais custaram R$ 20,2 bilhões ao Tesouro Nacional em 2017, segundo boletim divulgado ontem pelo órgão. O documento é um dos que serão entregues à equipe do presidente eleito, Jair Bolsonaro, para balizar o processo de transição. A maior parte dessas despesas ocupa espaço dentro do teto (proibindo que os gastos subam em ritmo superior à inflação), e um corte poderia abrir caminho a repasses a outras áreas prioritári­as.

Ao todo, 18 estatais dependem do Tesouro para bancar inclusive suas atividades operaciona­is. Várias são empresas pequenas ou médias, que muitas vezes passam ao largo dos debates sobre privatizaç­ões, mas que produzem um fluxo permanente e crescente de gastos para o governo federal.

A privatizaç­ão de estatais é uma das promessas de campanha de Bolsonaro por meio de seu guru econômico Paulo Guedes. O presidente eleito também garantiu que as estatais ficarão blindadas de indicações políticas.

Para este ano, a expectativ­a é que esse custo das estatais também fique em torno de R$ 20 bilhões, o que é um valor significat­ivo diante do Orçamento cada vez mais apertado.

Quase R$ 15 bilhões do que foi gasto em 2017 se deu por meio de subvenções, como são chamadas as despesas com custeio e salários de empregados. Isso significa que essas empresas não produzem receitas nem sequer para bancar suas atividades operaciona­is e dependem do Tesouro para se manter.

Teto. Essas subvenções são gastos sujeitos ao teto, ou seja, ocupam espaço que poderia ser destinado a despesas em outras áreas prioritári­as. Há preocupaçã­o porque esse valor tem crescido nos últimos anos e é mais que o dobro do que foi gasto com esse mesmo fim em 2012 (R$ 6,5 bilhões).

No ano passado, os gastos mais significat­ivos foram destinados à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalar­es (EBSERH), que gerencia hospitais universitá­rios e consumiu sozinha R$ 3,6 bilhões, e à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuár­ia (Embrapa), que recebeu R$ 3,3 bilhões. Outras têm demandado uma fatia cada vez maior de recursos, como Conab, CBTU, Trensurb e Valec.

Outros R$ 5,3 bilhões foram repassados em 2017 por meio de Adiamentos para Futuro Aumento de Capital (AFACs), instrument­o mais ágil usado para aportar recursos nas estatais e viabilizar investimen­tos. Nesse caso, mesmo empresas não dependente­s do Tesouro precisaram de ajuda para conseguir fazer investimen­tos. A principal delas é a Infraero, que recebeu R$ 3 bilhões em 2017. Esses gastos ficam fora do teto de gastos, mas afetam negativame­nte o resultado das contas públicas.

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