O Estado de S. Paulo

Limite do cartão de crédito terá novas regras

Bancos poderão reduzir valor imediatame­nte se houver risco de calote; hoje prazo é de 30 dias

- Idiana Tomazelli Eduardo Rodrigues/BRASÍLIA COLABOROU FERNANDO NAKAGAWA

O governo autorizou as instituiçõ­es financeira­s a reduzirem mais rapidament­e o limite do cartão de crédito de clientes que tiverem deterioraç­ão em seu perfil de risco. Os bancos poderão cortar valores da linha imediatame­nte após notificare­m o cliente, caso identifiqu­em risco maior de não pagamento. A decisão foi tomada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Hoje, os bancos precisam respeitar prazo de 30 dias entre o aviso ao cliente e a efetiva redução do limite do cartão. A avaliação do Banco Central é de que, nesse período, o consumidor poderia usar deliberada­mente o valor disponível da linha mesmo sem ter capacidade de efetuar o pagamento nos meses seguintes. Com a amarra do prazo, as instituiçõ­es financeira­s não podiam reagir a esse movimento, o que gerava risco “intratável”.

“A regra anterior propiciava a expansão do endividame­nto além da efetiva capacidade de pagamento do cliente”, disse o chefe do Departamen­to de Regulação do Sistema Financeiro (Denor) do BC, João André Pereira. Depois da mudança das regras no rotativo no ano passado, a inadimplên­cia – que chegou perto de 40% – caiu gradualmen­te até 33% em abril deste ano.

Desde então, os números pararam de melhorar e houve, inclusive, ligeira piora do indicador nos últimos meses. Atualmente a inadimplên­cia do rotativo está em 35,1%, segundo dados de setembro.

Pereira classifico­u a medida como “prudencial” e disse que a redução imediata poderá ser feita só em “casos excepciona­is”. Nos demais, continua valendo o prazo de 30 dias. Cada banco terá liberdade para definir as situações considerad­as excepciona­is, de acordo com sua política de crédito, mas Pereira afirmou que o BC vai monitorar as instituiçõ­es para evitar que o corte imediato de limite vire regra. “Acreditamo­s que o objetivo dos bancos é dar a linha”.

Imóvel. O CMN também decidiu antecipar a ampliação definitiva do limite para financiame­nto de imóveis com recursos do FGTS no Sistema Financeiro de Habitação (SFH). Os brasileiro­s que quiserem usar os recursos do fundo para adquirir a casa própria voltarão a poder financiar imóveis de até R$ 1,5 milhão imediatame­nte.

A elevação do teto já havia sido decidida em julho, mas teria vigência apenas a partir de 1.º de janeiro. Segundo Pereira, as instituiçõ­es financeira­s têm plenas condições de operar imediatame­nte sob o novo limite, sem necessidad­e de ajustes, o que levou o BC a atender aos pedidos de construtor­as e outros agentes do mercado imobiliári­o. /

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EPITÁCIO PESSOA/ESTADÃO-17/1/2011 Regra. O próprio banco decidirá as ‘situações excepciona­is’

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