O Estado de S. Paulo

Onde provar alimentos com garantia de origem

Cinco alimentos entram para lista que garante procedênci­a e valor cultural de produtos do Brasil. Conheça-os e veja onde prová-los

- Guilherme Coura Bruna Tiussu ESPECIAIS PARA O ESTADO

Os vinhos do Vale do Vinhedo, o queijo da Serra da Canastra e o camarão da Costa Negra já estavam na lista. Agora, outros cinco produtos com grande valor gastronômi­co e cultural conquistar­am seus espaços no Mapa das Indicações Geográfica­s do Brasil, divulgado pelo IBGE neste mês. Isso significa que receberam o selo de Indicação de Procedênci­a (IP), conferido pelo Instituto Nacional de Propriedad­e Industrial a iguarias cujas qualidades estão atreladas às suas origens. A certificaç­ão também ajuda os consumidor­es, que têm mais chances de comprar um produto autêntico.

Confira os cinco novos integrante­s do mapa brasileiro, que soma 58 produtos, e veja como prová-los in loco.

Amazonas Guaraná de Maués Na pequena cidade, tudo gira em torno da fruta nativa: são 250 toneladas por ano, mais de 50% do total amazônico, cultivadas por 2.500 famílias. Símbolo cultural e com propriedad­es biológicas únicas (é o tipo mais rico em cafeína), o guaraná passou a ser ainda mais valorizado com a IP.

Sua colheita é celebrada na Festa do Guaraná – este ano, de 29 de novembro a 1.º de dezembro –, na praia de Maués. No mercado, é encontrado ao natural, em pó ou em barra. Mas quem pisa na cidade (são 16 horas de barco de Manaus ou um voo de 1 hora), merece prová-lo como os locais sugerem: em pó, misturado com água e açúcar; na versão licor ou iogurte; e turbinado em vitamina com guaraná em pó, amendoim, açaí, aveia e xarope de guaraná. Energia em doses cavalares.

Paraná Queijo colonial de Witmarsum

A 60 km de Curitiba, mil metros de altitude acima do mar, em clima temperado e pastagem supernutri­tiva vivem as vacas da Colônia de Witmarsum. Graças às condições privilegia­das, elas fornecem leite de alta qualidade, que logo vira queijo especial pelas mãos dos cooperados locais. Há variedades de ricota a camembert – mas foram os dos tipos colonial e colonial com pimenta verde que levaram o selo de Indicação de Procedênci­a.

Talvez não dê para ver a fabricação, mas a visita à Colônia garante a prova da iguaria na feira gastronômi­ca realizada aos sábados. O lugar – ideal para um batevolta desde a capital paranaense – tem ainda mercado central para comprar os queijos. Acre

Farinha de mandioca de Cruzeiro do Sul Sua origem remete aos nauás, indígenas que no passado habitaram a região do Juruá, no extremo oeste do Acre. Os brancos chegaram, a etnia perdeu território, mas a tradição da farinha de mandioca ficou. Hoje, ela é o principal item da economia local e sua produção concentra-se na cidade de Cruzeiro do Sul, em rústicas casas de farinha. A ausência de maquinário garante a crocância, o ponto de torra e o sabor caracterís­ticos do produto.

Turistas que se aventuram por lá conseguem visitar facilmente uma casa de farinha. Quem vai longe, mas não tanto assim, pode encontrá-la no Mercado Velho de Rio Branco (distante 650 km) ou mesmo em Manaus, no Mercado Municipal. Espírito Santo Socol de Venda Nova do Imigrante Em meados de 1890, imigrantes italianos da região do Vêneto trouxeram consigo a receita, e seus descendent­es trataram de mantê-la viva. Até hoje eles preparam o socol da maneira original: o embutido é feito de lombo de porco temperado com sal, alho e pimenta-do-reino e tem revestimen­to de carne suína. Depois, precisa de seis meses de maturação para estar pronto para o consumo.

As “espigas” de socol penduradas para maturar fazem parte da decoração das fazendas de Venda Nova do Imigrante, na região serrana do Estado, a 115 km de Vitória. Algumas delas, como a Lorenção (lorencao.com.br) e a Carnielli (carnielli.com.br), oferecem um tour pela propriedad­e que termina na loja de produtos artesanais. Além de provar e comprar o socol, há como adquirir geleias e queijos artesanais.

Sul da Bahia Amêndoas de cacau

Após um surto da praga vassoura-de-bruxa dizimar as plantações da região nos anos 1980, suas mais de 80 cidades voltaram à ativa focando na produção do cacau de altíssima qualidade, cujas amêndoas são usadas na fabricação de chocolates finos. Cerca de 80% do total produzido vem de pequenos agricultor­es.

Ilhéus, o mais famoso município do grupo, atrai turistas pelas praias e pela história do fruto. Dali até Uruçuca foi inaugurada, neste ano, a Estrada do Chocolate (estradadoc­hocolate.com.br), trecho de 40 km com 20 fazendas (Provisão e Riachuelo são algumas delas) onde se pode conhecer a plantação e o processo de secagem das amêndoas. Provar o cacau faz parte da tour, claro.

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BRUNO KELLY/REUTERS Do Brasil. Guaraná de Maués, cacau do Sul da Bahia e farinha de mandioca de Cruzeiro do Sul, autênticos e com certificaç­ão
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FELIPE RAU/ESTADÃO

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