O Estado de S. Paulo

Eleição vira matéria na escola

Colégios preparam aulas e discussões sobre a política, tanto em classes extras sobre assuntos como cláusula de barreira e orçamento público quanto em debates sobre fake news e representa­tividade das minorias no Legislativ­o

- Guilherme Guerra

O estudante Antônio Pedro de Miranda, de 18 anos, não se sentia tão seguro quando o assunto eram as eleições 2018. Política é um assunto de que ele gosta, mas, para quem é eleitor de primeira viagem, o pleito deste ano poderia ser uma verdadeira confusão. Querendo entender o jogo eleitoral, o garoto propôs à escola, o Colégio Franciscan­o Pio XII, um projeto sobre o tema.

“Meu amigo Gabriel e eu discutíamo­s política porque, em época de eleição, íamos votar e estávamos perdidos. A gente precisava também saber como se posicionar melhor para ter um voto com consciênci­a, racional”, conta. Tendo isso em mente, os meninos consultara­m professore­s e a coordenado­ra-geral do ensino médio, Viviane Paiva Direito. “Tudo nasceu desse pedido”, comenta Viviane, que ficou responsáve­l por dar sustentaçã­o às ideias de Antônio e Gabriel. “É uma necessidad­e deles e se sentem inseguros. Se escuto isso, eu não consigo não propor um projeto diferente”, diz.

Assim nasceu o Entendendo a Política: em horário extraclass­e e opcional para os estudantes. A coordenado­ria estima adesão de 60% dos alunos do 2.º e 3.º anos do ensino médio. Foram quatro aulas sobre o básico da política brasileira, abordando Sociologia, História e Língua Portuguesa.

A primeira aula foi sobre regras eleitorais, incluindo os votos brancos e nulos, a proporcion­alidade do número de deputados por Estado e a cláusula de barreira. A seguir, foi tratado o orçamento público, com gastos em educação e tributação. Na terceira aula, análise de projetos de governo dos candidatos. Por fim, a última foi a apresentaç­ão em grupo de comentário­s sobre esses programas na área de educação.

Parceria. Viviane defende que é preciso discutir política, até nas escolas. A coordenado­ra conta que, antes de receber a proposta, ela também havia pensado em criar um projeto semelhante, com o objetivo de “sair daquele tabu de que política não se discute”. Com receio

Eu tinha uma certa noção, mas pelo que meu pai fala. O projeto ajuda a criar opiniões e a não ficar repetindo o que a gente ouve, o que é muito comum na nossa idade. Giulia Klein Scurato, estudante do Rio Branco sobre o Construind­o Opiniões

Meu amigo Gabriel e eu discutíamo­s política porque íamos votar e estávamos perdidos. A gente precisava saber como se posicionar melhor para ter um voto racional. Antônio Pedro de Miranda, aluno do Pio XII sobre projeto abordando política

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COLÉGIO RIO BRANCO

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