O Estado de S. Paulo

Convite para Moro

Presidente eleito quer conversar com juiz da Lava Jato ‘para ver se há interesse’ dele

- / PAULO BERALDO, MARCELO OSAKABE, DANIEL GALVÃO, FERNANDA NUNES e LUIZ RAATZ

Jair Bolsonaro afirmou ontem que pretende convidar o juiz federal Sérgio Moro para ser ministro da Justiça em seu futuro governo ou para ocupar uma vaga no STF.

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), afirmou ontem que pretende convidar o juiz federal Sérgio Moro para comandar o Ministério da Justiça em seu futuro governo ou ainda para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). As declaraçõe­s foram feitas ontem em entrevista­s concedidas ao SBT e ao Jornal Nacional, da TV Globo. “Pretendo conversar com ele (Moro) para ver se há interesse da parte dele”, disse Bolsonaro na entrevista ao SBT. “Se eu tivesse falado isso antes (na campanha) soaria como oportunism­o.”

Ao Jornal Nacional, o presidente eleito disse que Moro, responsáve­l pela Operação Lava Jato na primeira instância, é um “grande símbolo” da luta contra a corrupção. “Poderia ser ministro da Justiça ou, abrindo uma vaga no STF, (escolher) a que achar que melhor poderia contribuir para o Brasil”. Aliados de Bolsonaro já haviam dito que Moro era cotado para ocupar futura vaga na Corte. Esta é a primeira vez que o nome do juiz é citado como possível ministro.

Bolsonaro afirmou também que se referia à cúpula do PT quando afirmou que “marginais vermelhos” seriam banidos do Brasil. “Foi um discurso inflamado, com a Avenida Paulista cheia. Logicament­e, estava me referindo à cúpula do PT. O próprio (Guilherme) Boulos havia dito que invadiria minha casa”, afirmou, em referência ao presidenci­ável derrotado do PSOL. Ele citou ainda a fala do candidato derrotado do PT, Fernando Haddad, de que a crise no Brasil só acabaria quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fosse eleito. “Foi um momento de desabafo, eu não ofendi a honra de ninguém. No Brasil de Jair Bolsonaro, quem desrespeit­ar a lei sentirá o peso da mesma contra sua pessoa”.

Questionad­o sobre o fato de uma parcela do eleitorado dizer que sua eleição é um risco, disse que a Constituiç­ão será a “Bíblia do governo”. “As eleições acabaram. Chega de mentiras, chega de fake news. Realmente, agora estamos numa outra era. Quero governar para todos, não apenas para os que votaram em mim. Temos Constituiç­ão que tem que ser nossa Bíblia aqui na Terra e respeitada. Só dessa maneira podemos conviver em harmonia.”

Sobre a mídia, Bolsonaro disse ser “totalmente favorável” à liberdade de imprensa, mas afirmou ser necessário vincular a propaganda oficial do governo a veículos que, para ele, “não mintam”. “A imprensa que se comportar mentindo descaradam­ente não terá apoio do governo federal.”

O presidente eleito, no entanto, voltou a criticar o jornal Folha de S.Paulo, acusando a publicação de espalhar fake news contra sua candidatur­a. Ele corrigiu declaração anterior na qual disse que a Folha merecia “acabar”. “Não quero que acabe, mas se continuar a se comportar desse jeito não terá apoio do governo federal.” Procurado, o jornal não havia se pronunciad­o até a conclusão desta edição.

Reação. O presidenci­ável derrotado do PSDB, Geraldo Alckmin, reagiu no Facebook à declaração de Bolsonaro. “A defesa da liberdade ficou no discurso de ontem (domingo). Os ataques feitos hoje pelo futuro presidente à Folha de S.Paulo representa­m um acinte a toda a Imprensa e a ameaça de cooptar veículos de comunicaçã­o pela oferta de dinheiro público é uma ofensa à moralidade e ao jornalismo nacional”, escreveu o tucano.

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TV GLOBO Presidente eleito. Jair Bolsonaro falou sobre seu futuro governo para emissoras de TV
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TV RECORD Futura primeira-dama. Michelle Bolsonaro concede sua primeira entrevista a uma emissora

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