O Estado de S. Paulo

ADELAIDE HILLS

Vinhos com tradição

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Cerca de 50 adegas se espalham pela região vinícola de Adelaide Hills, onde as primeiras videiras foram plantadas em 1839. Entre estradinha­s de terra e pinheiros, surgem grandes e pequenos produtores (de vinho e gim) que têm como meta principal a qualidade, além de bares e restaurant­es inventivos. Em alguns momentos me senti no Vale do Napa, na Califórnia – até aquela atmosfera meio hipster apareceu.

Unico Zelo unicozelo.com.au

Ainda sentia o café da manhã no estômago quando chegamos à Unico Zelo. O dia estava frio e chuvoso, o grupo todo estava sonolento e beber não parecia exatamente a solução para aquele estado de ânimo. O atendente percebeu: ofereceu café e chá a todos e, aos poucos, recobramos as forças.

Diferentem­ente da maioria das casas de Adelaide Hills, a especialid­ade ali não são vinhos, mas gins e outros destilados. Trata-se de um espaço familiar, criado pelo casal Bren e Laura Carter – dá para conhecer a pequena produção nos fundos e inspirar os diferentes aromas que surgem dos barris.

Há três tipos de degustaçõe­s, de AU$ 10 (R$ 26), AU$ 15

(R$ 39) e AU$ 20 (R$ 52) – fizemos a segunda opção, que além dos gins inclui a degustação de outras bebidas produzidas ali, como o limoncelo da casa (aliás, meu favorito) e até o inventivo Expressoce­lo (houve quem gostasse). Não sou fã de gin, mas o tradiciona­l da casa, o Aplewood Gin, me conquistou, e o Z Z Z também tinha um sabor delicado. É preciso fazer reserva pelo site antes de ir. Ashton Hills Vineyard ashtonhill­s.com.au

Já mais animados seguimos para a segunda parada. O clima na Ashton Hills é de informalid­ade – o antigo bar do século 19 que serve de tasting room parece a sala de uma avó do interior, com sofá rente à lareira e um bar com balcão. A simpática Jo nos recebeu com deliciosos pinot noirs, a especialid­ade da casa. Dá para ver os parreirais da janela. A degustação com sete rótulos custa AU$ 85 (R$ 223).

The Summertown Aristologi­st thesummert­ownaristol­ogist.com

Menu escrito em lousa e mesas comunais já denunciam a atmosfera hipster. Produtores de Adelaide Hills criaram o Summertown Aristologi­st com a premissa de oferecer vinhos 100% orgânicos. O restaurant­e tem pratos delicados e menu que privilegia ingredient­es cultivados na região (o famoso

farm to table). Por esse motivo, muda constantem­ente. Quando estive lá, a lula temperada com coentro e limão (AU$ 18 ou

R$ 47), a abóbora com shoyo e couve (AU$ 17 ou R$ 44) e o mix de grãos com couve, burrata e romã (AU$ 14 ou R$ 37) se destacaram. O inusitado suco de abóbora, sazonal, também.

Lost in a Forest lostinafor­est.com.au

Uma antiga igreja deu lugar a um bar descolado, que serve pizzas disputadas por grupos de amigos e famílias nos fins de semana, e vinhos produzidos por um dos sócios do empreendim­ento, Taras Ochota. Foi para pedir instruções para chegar à casa de Ochota que descobrimo­s o espaço de culto aos bons sabores e à boa música.

Ele nos esperava no galpão de sua casa – onde Mick Jagger, dos Stones, também esteve – para provar, direto dos barris, vinhos que exalam a personalid­ade de seu produtor. São sabores simples e, ao mesmo tempo, intensos e repletos de criativida­de. A começar pelos rótulos, com nomes como She’s Lost Control (Ela Perdeu o Controle), Impeccable Disorder (Desordem Impecável) e Weird Berries in the Woods (Frutinhas Estranhas na Floresta). Como a casa de Ochota não é aberta à visitação, pare no Lost in Forest para provar seus vinhos. Foram os meus favoritos da viagem.

The Lane thelane.com.au

O sol colaborou, e nos sentamos de frente para um janelão, de frente para os vinhedos, para a degustação. Vale a pena fazer a de AU$ 15 (R$ 39), abatidos nas compras acima de AU$ 65 (R$ 171), que dá direito a provar quatro rótulos, ou a de AU$ 20 (R$ 52), que inclui petiscos para acompanhar a prova de brancos e tintos.

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