OS DERROTADOS
Respeito às urnas
“É preciso ouvir a voz rouca das ruas”, ponderava o deputado Ulysses Guimarães, que encarnou a luta democrática e nos legou a atual Constituição. A eleição do deputado Jair Bolsonaro é a manifestação majoritária dessa voz, talvez não tão rouca. É preciso que os alijados tenham humildade para aceitar a derrota e os ganhadores sejam dotados de grandeza para não se excederem. O novo presidente tem todo o direito e representatividade para propor e implementar as mudanças que pregou e com as quais conquistou os votos para se eleger. Promover manifestações, chamar greves e tentar atrapalhar num momento destes é ação de lesa-pátria e merece reprovação. Na democracia, a maioria governa e a minoria se submete e, em não concordando, se organiza, torna-se maioria e, na mesma linha de raciocínio, assume o poder e vai fazer do seu jeito. O Executivo tem a tarefa de governar e o Legislativo a obrigação de discutir as medidas e aprová-las ou não. A sociedade, se quiser participar, tem como caminho fazêlo por intermédio de seus representantes nas Casas Legislativas. Em último caso, pode recorrer à Justiça. Mas nada justifica a desobediência civil e o grevismo. O direito de greve é assegurado como último recurso nas relações do trabalho. Não na forma de instrumento de pressão política. O confronto é o que menos interessa aos brasileiros, um povo pacífico por natureza. Tudo o que se fizer nesse sentido será tentativa de impedir as mudanças de que o País necessita para ir em busca de dias melhores. Que venham as reformas econômica, eleitoral, social e de todos os setores que hoje vivem em descompasso.
DIRCEU CARDOSO GONÇALVES aspomilpm@terra.com.br
São Paulo