O Estado de S. Paulo

General Heleno defende direitos humanos para ‘humanos direitos’

Provável ministro da Defesa sugere que visão atual sobre direitos básicos compromete combate ao crime

- Carolina Ercolin Haisem Abaki Paulo Beraldo

Indicado como futuro ministro da Defesa no governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), o general da reserva Augusto Heleno afirmou ontem que a transição já começou, que o País está “deixando a desejar” no combate à criminalid­ade e que, atualmente, há uma certa “inversão” na discussão sobre direitos humanos no Brasil.

“Direitos humanos são, basicament­e, para humanos direitos. Essa percepção, muitas vezes, não tem acontecido. Estamos deixando a desejar nesse combate à criminalid­ade”, disse o general Heleno durante entrevista à Rádio Eldorado.

O aliado de Bolsonaro declarou ainda que, no Brasil, não há um progresso na redução da criminalid­ade nem na contenção do crime organizado. Para o general, é fundamenta­l respeitar os direitos humanos na resolução desses problemas, mas, segundo ele, existe uma “inversão de valores nessa história”.

Heleno afirmou que o tema dos direitos humanos é de “alta relevância”, mas que a necessidad­e de existir um ministério para o assunto é algo discutível. “Se mudar a estrutura, não vai mudar sua importânci­a.”

Segundo o general, é preciso mudar a visão estratégic­a do problema da segurança. Questionad­o sobre a manutenção da intervençã­o federal no Rio, Heleno disse que a decisão cabe ao presidente eleito. “É um assunto a ser discutido. Vai ser objetivo de conversa entre o novo governador (Wilson Witzel, do PSC) e o presidente.”

‘Exceção’. O general da reserva avaliou que, com o uso das tropas federais, a situação se converteu em um problema de segurança nacional. “Não podemos aceitar que caminhemos pouco a pouco para virar um ‘narcopaís’ – o número de homicídios que temos no Brasil, o maior consumidor de crack do mundo, o segundo de cocaína, o maior local de passagem de droga do mundo. É uma série de títulos que não orgulha um povo. É um absurdo tratar isso como situação normal. É situação de exceção que merece tratamento de exceção”, afirmou.

Para ele, o Brasil vive hoje uma crise moral, ética, econômica e social, e está à beira do abismo, com a economia “caótica”, e que, para sair dessa situação, é preciso que os governante­s também deem bons exemplos. “O governo tem que se pautar em três pilares: honestidad­e, transparên­cia e austeridad­e. E esses precisam se apoiar no exemplo.”

Sobre a possibilid­ade de assumir

o Ministério da Defesa, Heleno disse que seria uma honra e uma realização profission­al, mas afirmou que prefere que a confirmaçã­o seja feita por meio de decreto no Diário Oficial da União. “Já tenho idade para não ficar alimentand­o nada que não seja concretiza­do.”

O general Heleno disse ainda que a pasta tem estrutura sólida e foi uma das menos afetadas pelas gestões dos últimos governos, as quais qualificou como “catastrófi­cas”. Segundo ele, a influência político-partidária não foi capaz de modificar as diretrizes do Ministério da Defesa. Entre os desafios do novo ministro, o aliado de Bolsonaro citou o aumento da integração entre as Forças e a luta por orçamento, “tendo consciênci­a das restrições”.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO Ministeriá­vel. Augusto Heleno é cotado para a Defesa

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