O Estado de S. Paulo

Comissão adia votação sobre ampliar lei antiterror­ismo

- BRASÍLIA / R.T.

Uma manobra da oposição no Senado conseguiu adiar ontem a votação de proposta que endurece a lei antiterror­ismo, uma das bandeiras de campanha do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), para criminaliz­ar a atuação de grupos sociais como Movimento dos Trabalhado­res Rurais Sem Terra (MST). O projeto estava na pauta da Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ) do Senado, mas a votação foi adiada.

O relator é o senador Magno Malta (PR-ES), que não foi reeleito, mas está cotado para integrar o governo de Bolsonaro. Malta não conseguiu a maioria dos votos para barrar requerimen­to proposto pelo senador Lindbergh Farias (PT-RJ) para realizar audiência pública sobre o tema. Por 9 votos a 4, a maioria dos senadores da CCJ aprovou que sejam ouvidos especialis­tas antes da apreciação da matéria. A audiência deve ser marcada nas próximas sessões do colegiado.

A aprovação do requerimen­to foi uma vitória da oposição. Senadores do PT, Rede e PCdoB querem impedir que a proposta seja aprovada ainda neste ano, antes de Bolsonaro assumir. A ideia é forçar o novo presidente a patrocinar publicamen­te a proposta.

“O crime de terrorismo já está tipificado na nossa legislação. O que querem com este projeto, na verdade, é estender qualquer tipo de crime para os movimento sociais. É um ato de censura, de combate ao direito de ir e vir e à liberdade de manifestaç­ão, conceituad­o na Constituiç­ão. Se o governo do Jair Bolsonaro quer fazer isso, que coloque as mãos nisso a partir do ano que vem, mas não neste ano”, disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Malta tentou reagir à proposta da audiência pública. “Você quer debater que queimar patrimônio publico é crime ou não? Eu não sei mais o que posso pensar. Por isso a minha palavra como relator, eu me posiciono contra (a audiência pública), por não achar necessário. Quem se dispõe a incendiar um bem público não está fazendo isso de boa fé”, disse.

A lei antiterror­ismo foi editada em 2016 pela então presidente Dilma Rousseff, mas teve vetados trechos com conteúdos “excessivam­ente amplos” ou “imprecisos”, na avaliação da petista. Esses trechos foram recuperado­s em projeto de autoria do senador Lasier Martins (PSD-RS).

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO Relator. Malta está cotado para integrar governo Bolsonaro

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