O Estado de S. Paulo

Ministro do STF suspende investigaç­ão contra Temer

- Rafael Moraes Moura Teo Cury / BRASÍLIA

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu suspender temporaria­mente a investigaç­ão do presidente Michel Temer em inquérito no qual delatores da Odebrecht apontam que integrante­s do grupo político liderado por Temer e pelos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Minas e Energia) teriam recebido recursos ilícitos da empreiteir­a como contrapart­ida ao atendiment­o de interesses da Odebrecht pela Secretaria de Aviação Civil – pasta que foi comandada pelos dois ministros de Temer entre 2013 e 2015.

O pedido de suspensão foi formulado pela procurador­a-geral da República, Raquel Dodge, que apontou que a Constituiç­ão Federal proíbe que o presidente seja denunciado por atos anteriores ao mandato. A decisão de Fachin foi assinada na segunda-feira.

No relatório final do inquérito, que apura propinas de R$ 14 milhões da Odebrecht para a cúpula do MDB, a Polícia Federal concluiu pela existência de indícios de que Temer, Padilha e Moreira cometeram os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O caso está relacionad­o com o jantar no Palácio do Jaburu, realizado em 2014 e detalhado nos acordos de colaboraçã­o premiada de executivos da Odebrecht. Então vice-presidente, Temer teria participad­o do encontro em que os valores foram solicitado­s.

Quanto a Moreira e Padilha, Fachin decidiu encaminhar o processo para o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP).

Defesas. A defesa de Padilha reafirmou sua posição de que “jamais houve qualquer ato de corrupção imputado a ele, ainda que em tese, motivo pelo qual jamais temeu qualquer decisão do Poder Judiciário e sempre se colocou à disposição para esclarecim­entos que envolvam seu nome”.

A defesa de Moreira informou que deseja que seja garantido ao ministro o “direito de se defender perante o juiz competente”. Para o advogado Antonio Sergio de Moraes Pitombo, a decisão de Fachin contraria precedente­s da Corte e será objeto de recurso. Já a defesa de Temer não se pronunciou.

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