O Estado de S. Paulo

Remover apêndice reduz em 19% risco de Parkinson

Segundo estudo, órgão pode acumular proteína que, ao sofrer mutações, fica associada ao aparecimen­to da doença

- Fabiana Cambricoli

A remoção do apêndice pode reduzir em 19% o risco de desenvolvi­mento de Parkinson, conforme indica estudo publicado ontem na revista científica Science Translatio­nal Medicine. O papel do pequeno órgão na ocorrência da doença é explicado, segundo os pesquisado­res, pelo acúmulo, no apêndice, de uma proteína associada ao Parkinson, a alfa-sinucleína.

Estudos anteriores já haviam demonstrad­o excesso de formatos mutantes dessa proteína no cérebro de pacientes com Parkinson. “Ela é capaz de viajar pelo nervo que conecta do trato gastrointe­stinal (onde está o apêndice) até o cérebro, se disseminar e ter efeitos neurotóxic­os”, disse Viviane Labrie, uma das autoras do estudo.

Realizada pelo Instituto de Pesquisa Van Andel, o estudo levantou os registros médicos de 1,6 milhão de suecos desde 1964. Por meio dos documentos, os cientistas puderam separar os pacientes que tinham passado pela cirurgia de retirada do apêndice e relacionar os grupos com e sem o órgão com aqueles que desenvolve­ram o Parkinson.

Ao fim do estudo, os pesquisado­res observaram que a incidência da doença entre os pacientes que tinham removido o órgão era 19,3% menor do que entre os indivíduos que não tinham passado pela cirurgia.

O achado, no entanto, só foi observado em pessoas que retiraram o apêndice de forma precoce, ou seja, anos antes do aparecimen­to da doença. Pessoas que removeram o órgão depois das primeiras manifestaç­ões do Parkinson (geralmente motoras, como tremores) não tiveram melhora no quadro.

Início. O estudo revelou ainda que a retirada precoce do apêndice (pelo menos 30 anos antes do aparecimen­to dos primeiros sintomas) adiou em 3,6 anos o início do Parkinson.

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