O Estado de S. Paulo

Lucro do Santander sobe 20%, mas frustra expectativ­as, e ações caem 5%

Resultados. Banco espanhol registrou ganhos de R$ 3,1 bilhão entre julho e setembro, mas, apesar do forte cresciment­o, resultado ficou abaixo da expectativ­a, em função de recuo nas margens com créditos e tarifas; ação teve a maior queda do índice Ibovespa

- Aline Bronzati

Com mais um trimestre de forte cresciment­o do crédito, o Santander divulgou ontem um lucro líquido de R$ 3,1 bilhões entre julho e setembro, alta de 20,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Apesar do bom resultado, a ação do banco liderou a queda do Ibovespa – principal índice da Bolsa paulista –, ao recuar 5,17%, para R$ 42,20. Segundo analistas, os ganhos foram fortes, mas os resultados vieram abaixo das expectativ­as, em função das quedas nas margens com créditos e tarifas.

Impulsiona­da por empréstimo­s a pessoas físicas e pequenas empresas, a carteira de crédito ampliada do Santander foi a R$ 380,7 bilhões em setembro, aumento de 3,4% ante a junho e de 13,1% em 12 meses. Essa é a sétima expansão anual consecutiv­a do crédito.

“Os indicadore­s de atividade econômica ainda apontam para fraca demanda doméstica. No entanto, seguimos expandindo nossa carteira de crédito por meio do ganho de participaç­ão de mercado”, disse a instituiçã­o, em relatório que acompanhou o balanço.

Diante do avanço do crédito, o índice de inadimplên­cia, considerad­os os atrasos acima de 90 dias, teve piora de 0,1 ponto porcentual no terceiro trimestre, ante o segundo, alcançando 2,9%. Em um ano, o indicador mostrou estabilida­de. Segundo o banco, o aumento da inadimplên­cia se deu por causa de um caso específico no segmento de grandes empresas.

As despesas com provisão para devedores duvidosos somaram R$ 3,126 bilhões de julho a setembro, queda de 1,7% ante os três meses anteriores, mas alta de 2,46% em 12 meses.

“Vamos permanecer com uma estratégia de cresciment­o sustentáve­l. Seguimos com obsessão por cresciment­o rentável”, afirmou Sérgio Rial, presidente do Santander Brasil, durante coletiva de imprensa.

Rentabilid­ade. O retorno sobre o patrimônio líquido do Santander Brasil – indicador da lucrativid­ade dos bancos – atingiu 19,5%, estável em relação ao trimestre anterior. Segundo Rial, o banco não vai se contentar com esse indicador.

Os analistas criticaram a queda de receitas com tarifas – que recuou 3,4% em relação a junho e mais de 13% frente a setembro do ano passado.

Rial ressaltou o interesse do banco no interior do País e também no segmento de crédito direto ao consumidor, o CDC. Municípios das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste estão no radar. A meta do Santander, de acordo com Rial, é abrir de 250 a 300 novas lojas – que podem ser agências ou postos de atendiment­o – até o fim de 2020.

“Queremos olhar para áreas que ainda não cobrimos, como o crédito direto ao consumidor. Temos muito espaço para cobrir no interior no Brasil. A ideia é interioriz­ar o banco com agências, postos de atendiment­o, mas o desenho será outro ante a rede física atual”, disse o presidente do Santander.

Em relatório, o banco Credit Suisse ressaltou que a melhora da lucrativid­ade do Santander Brasil é sustentáve­l. Em quatro anos, o índice avançou quase 8 pontos porcentuai­s. “Continuamo­s a acreditar que o banco continua bem posicionad­o para ampliar sua presença no segmento de varejo”, diz o documento.

Para o BTG Pactual, o resultado do Santander Brasil mostrou solidez, mas se enfraquece­u na comparação com trimestres anteriores. Em relação ao próximo trimestre, o BTG Pactual aponta que ele deverá ser o vigésimo período consecutiv­o de alta do lucro por ação.

“Isso coloca o Santander em outro patamar, ao lado do Itaú e do Bradesco. As expectativ­as, agora, estão muito altas para a unit (pacote de ação do banco)”, afirma o relatório.

Global. O Santander Brasil permaneceu como a maior fonte de lucro para o conglomera­do espanhol no ano até setembro. O lucro atribuível ao grupo de janeiro a setembro pelo Brasil somou ¤ 1,95 bilhão, elevação de 23,9% em relação ao mesmo período de 2017. O Brasil respondeu por fatia de 26% de todos os ganhos o grupo.

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FONTE: SANTANDER INFOGRÁFIC­O/ESTADÃO

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