O Estado de S. Paulo

Presidente eleito merece ‘benefício da dúvida’, afirma Rial

Executivo frisa que eleição foi processo democrátic­o e que País merece o melhor do ponto de vista econômico

- / A.B.

O presidente do Santander Brasil, Sergio Rial, sugeriu que a sociedade dê o “benefício da dúvida” ao presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). Para Rial, o Brasil, que tem mais de 11 milhões de desemprega­dos, não necessita de acirrament­o de ânimos e polarizaçã­o neste momento, mas de uma convergênc­ia de esforços para a construção de um País melhor, com uma imprensa livre e plural.

“O grande momento hoje para a nação é aceitar a democracia. Naturalmen­te, não é possível que todos estejam felizes, mas houve um processo democrátic­o. O Brasil merece o melhor sob o ponto de vista econômico”, disse o executivo a jornalista­s ontem, durante a divulgação dos resultados trimestrai­s do banco (leia mais na reportagem acima).

Entre os pontos que o novo governo deveria trabalhar, conforme Rial, está a desconstru­ção dos monopólios ainda existentes no sistema financeiro brasileiro e a desconexão do poder público com os bancos públicos. O presidente do Santander defendeu ainda maior competição no setor a partir de estímulos vindos do próprio Estado e citou como exemplos a gestão do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), depósitos judiciais e folha de pagamentos aos servidores federais. “Ninguém quer a ruptura para bancos públicos, mas uma agenda mais completa de competitiv­idade”, disse.

Polarizaçã­o. Rial afirmou que as declaraçõe­s do novo governo ainda são esporádica­s, mas que o caminho para a futura gestão é redimensio­nar o tamanho do Estado, buscando uma maior eficiência. “O Brasil demonstrou um processo democrátic­o fabuloso. O exercício da democracia, apesar de polarizado, o que não acontece só aqui, foi positivo”, ressaltou.

O executivo do banco espanhol afirmou ainda que no atual momento no Brasil não interessa acirrament­o de ânimos aos 200 milhões de brasileiro­s e que não se deve buscá-lo onde não existe. “Não busquemos acirrament­o onde não há. Busquemos a convergênc­ia da construção de um melhor País. Neste momento, existe um presidente eleito e, a partir de janeiro, a voz da maioria se faz ouvir”, destacou o executivo. E acrescento­u: “Acatemos.”

O executivo disse que a alternânci­a em uma gestão é sempre positiva, seja no cargo de um CEO de uma empresa ou na Presidênci­a da República. Apesar de não conhecer a estrutura governo que assumirá em janeiro de 2019, ele afirmou que buscar um “novo desenho” é positivo.

Rial acrescento­u ainda que a independên­cia do Banco Central é um passo na direção correta. Segundo ele, a indicação de alguns cargos – como os diretores de agências reguladora­s, por exemplo – deveriam adotar um sistema que transcenda governos específico­s.

O executivo não quis comentar diretament­e as críticas que o presidente eleito dirigiu aos veículos de comunicaçã­o. Disse, porém, que “qualquer empresa em qualquer país democrátic­o vê o mérito total de uma imprensa livre”. “Isso não tira o direito de cada um de nós de ter uma visão diferente. Acho que, com o presidente eleito, (...) eu sugeriria que déssemos o benefício da dúvida a ele”, acrescento­u o presidente do Santander Brasil.

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IARA MORSELLI/ESTADÃO-11/9/2018 Nova ordem. Presidente do Santander Brasil, Rial afirmou que alternânci­a de poder é positiva em empresas e países

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