Empresa para todos
Um rápido olhar para o passado permite constatar que a diversidade humana nunca foi tão evidenciada como agora. A secular luta dos negros e das mulheres por direitos iguais ao dos homens brancos se fortaleceu e replicou em outros grupos historicamente discriminados e pouco ouvidos.
Não raras vezes chamados de “minorias”, esses grupos vêm conquistando espaço de forma lenta e gradual, porque dependem, basicamente, da mudança de uma cultura muito arraigada. Mas há que se reconhecer o avanço para um patamar – não muito elevado, é verdade – no qual cresce o número de empresas dedicadas a criar ambientes inclusivos.
Essa mudança tem influenciado a atuação de organizações que estudam o mundo corporativo. Uma delas é o Great Place to Work (GPTW), que mundialmente realiza o ranking Melhores Empresas para Trabalhar.
Recentemente, a empresa incorporou em sua identidade a expressão For All (Para Todos) e promoveu mudança na metodologia utilizada para ranquear as empresas: agora, 15% da nota terá a diversidade como base.
Como a avaliação sobre a empresa é feita pelos próprios funcionários, quando os diferentes grupos avaliarem o ambiente de forma muito divergente, a nota sofrerá alteração. Isso poderá acontecer, por exemplo, se os colaboradores mais velhos perceberem o ambiente de forma mais negativa que os mais jovens.
Implementada em 2017, nos Estados Unidos, e estendida a todas as afiliadas do GPTW, a iniciativa visa evidenciar as empresas que são um bom lugar para todas as pessoas trabalharem, independentemente de sua condição ou perfil.
“Antes, a diversidade estava inserida de forma mais tímida na nossa metodologia. À medida que fomos percebendo sua maior importância e os resultados bem superiores obtidos pelas empresas que atuam nessa questão, a ideia foi aprofundar as discussões e ampliar os diferentes temas da diversidade por meio de parcerias com entidades da área. E temos observado que defender a diversidade surte efeito”, diz Ruy Shiozawa, CEO do GPTW.
Exemplo disso é que, em 2016, quando foi feito um destaque para as melhores empresas para a mulher trabalhar, 30 organizações participaram do processo. “Em 2017, foi criado o primeiro ranking das Melhores Empresas para a Mulher Trabalhar. Já em 2018, na segunda edição, foram 300 organizações participantes, um movimento exponencial e incrível”, salienta.
Jorgete Leite Lemos, diretora de Diversidade da ABRH-Brasil, destaca que, ao verificar como as organizações conduzem as questões relacionadas à inclusão não só da mulher, mas étnico-racial, LGBT+ e de pessoas com deficiência a partir da visão dos colaboradores, o GPTW confere à metodologia um grande diferencial.
“Todos devem ter as mesmas oportunidades de desenvolvimento, benefícios e salários. Qualquer coisa diferente disso é sinal de que ainda há um caminho a seguir”, acrescenta.