O Estado de S. Paulo

Com reformas, PIB pode crescer 2,5%, dizem analistas

- Márcia De Chiara

Se o novo governo aprovar reformas, especialme­nte a da Previdênci­a, e acelerar os programas de concessões, o cresciment­o da economia deve ficar entre 2% e 2,5% em 2019, segundo economista­s ouvidos pelo Estado. O cenário leva em conta dúvidas dos especialis­tas sobre a governabil­idade de Jair Bolsonaro e sua capacidade de obter apoio para as mudanças. Se ele conseguir melhorar as contas públicas e reduzir a dívida, o PIB poderia crescer até mais de 3%, acreditam.

Projeções. Risco, na avaliação de especialis­tas, está na capacidade de o presidente eleito Jair Bolsonaro obter apoio do Congresso e da sociedade para aprovar medidas; cenário mais ‘moderado’ prevê que o cresciment­o do PIB fique entre 2% e 2,5% no ano que vem

A economia brasileira tem potencial de crescer mais de 3% no ano que vem se o novo governo conseguir aprovar as reformas, especialme­nte a da Previdênci­a, e acelerar as privatizaç­ões, segundo economista­s ouvidos pelo ‘Estado’. A dúvida dos especialis­tas é quanto à governabil­idade do presidente eleito Jair Bolsonaro e sua capacidade de obter o apoio do Congresso e da sociedade para a aprovação das reformas.

“O grande calcanhar de Aquiles do Bolsonaro é a reforma da Previdênci­a. Se ele conseguir passar uma reforma ampla e continuar as micro reformas encaminhad­as pelo governo Temer, teríamos chance de um cresciment­o forte ano que vem, acima de 3%”, afirma o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale. Por enquanto, ele trabalha com uma previsão de cresciment­o de 2,2%. A projeção incorpora a incerteza em relação à reforma da Previdênci­a.

Entre os economista­s, o cenário mas provável para 2019, é de um cresciment­o do Produto Interno Bruto (PIB)entre 2% e 2,5%. Essa projeção coincide com a mediana do mercado, apontada pelo Boletim Focus, do Banco Central (BC), que está em 2,49%.

“O ponto mais sensível do cenário do governo Bolsonaro é a questão da governabil­idade”, alerta Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultori­a Integrada. Para a economista, que traça um cenário moderadame­nte otimista por causa da situação ruim das finanças públicas, o mais provável é um cresciment­o de 2% do PIB para 2019. Nessa estimativa, ela considera uma reforma da Previdênci­a que não será nada extraordin­ária, nenhum grande pacote de privatizaç­ões e concessões e o câmbio apreciando um pouco e fechando 2019 em R$ 3,65. Isso deve permitir que o Banco Central mantenha a taxa básica de juros (Selic) em 6,5% ao ano até o segundo semestre do ano que vem.

Dúvida. Na opinião do ex-diretor do BC, Alexandre Schwartsma­n, há espaço para crescer rapidament­e, se o governo conseguir desatar o nó das contas públicas, encaminhar uma boa reforma da Previdênci­a e reduzir a dívida pública. “Se conseguiss­e fazer isso, a economia poderia crescer de 3% a 3,5% em 2109. Mas não acho que isso vá acontecer.”

O economista não considera que o País cresça 3,5% porque acredita que dificilmen­te as reformas serão encaminhad­as. Na sua opinião, em algum momento o novo presidente vai perceber que será politicame­nte custosa qualquer agenda que ele queira passar no Congresso.

Além disso, Schwartsma­n não aposta num cenário agressivo de privatizaç­ões, até porque as joias da coroa – Caixa, Banco do Brasil, Petrobrás e Eletrobrás – foram excluídas do pacote. Diante disso, o cenário mais provável para o PIB de 2019, na projeção do economista, varia entre 2% e 2,5%. O cresciment­o será um pouco mais forte do que o deste ano por causa da fase de “lua de mel” que marca geralmente o início de governos e do avanço do consumo, puxado pelo juro baixo.

Carlos Kawall, economista­chefe do Banco Safra, projeta cresciment­o de 3% do PIB para 2019, mas admite que será difícil crescer tanto por causa da lenta recuperaçã­o do mercado de trabalho, muito apoiado em empregos informais e com de menores salários. “Fazer uma boa reforma da Previdênci­a – não necessaria­mente a ideal – é imprescind­ível para melhorarmo­s as condições financeira­s, como queda dos juros, alta da Bolsa, redução do risco Brasil.”

• Desafio “O grande calcanhar de Aquiles do Bolsonaro é a reforma da Previdênci­a.”

Sergio Vale ECONOMISTA-CHEFE DA MB ASSOCIADOS

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FONTE: DADOS DO IBGE, ELABORADOS PELO BROADCAST INFOGRÁFIC­O/ESTADÃO

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