O Estado de S. Paulo

Varejo multicanal

Varejo. Companhia, fundada em 1999, usa internet, TV, revendedor­es autônomos e lojas físicas para chegar ao consumidor; grupo de R$ 1,5 bi busca investidor­es para divisões de aparelhos de ginástica, cosméticos e alimentaçã­o saudável, que passarão a ser in

- Mônica Scaramuzzo

Polishop busca investidor­es para expandir marcas

O reality show Shark Tank Brasil, que dá oportunida­de para empreended­ores mostrarem seus projetos a potenciais investidor­es, fez de João Appolinári­o uma celebridad­e do mundo corporativ­o. Como jurado do programa do canal pago Sony, ele dá dicas sobre como transforma­r uma ideia em grande negócio. Na vida real, o presidente da Polishop, varejista que comerciali­za utensílios domésticos – de fritadeira­s elétricas a cadeiras de massagem –, está agora na mesma situação dos competidor­es do programa de TV. Tenta atrair interessad­os em investir na expansão de seu projeto.

Appolinári­o quer convencer investidor­es a embarcar na reorganiza­ção que planeja para o grupo – hoje, o faturament­o da Polishop é estimado em cerca de R$ 1,5 bilhão ao ano. O empresário planeja separar as divisões de cosméticos, home fitness

(ginástica) e alimentos saudáveis, hoje dentro da estrutura da Polishop, para garantir uma maior expansão em cada um desses segmentos.

“Meu plano é fazer um spinoff (cisão) das marcas e atrair capital. Desde 2011, mantenho contato com investidor­es para entender como diversific­ar (a operação)”, disse o empresário ao Estado.

As negociaçõe­s devem começar em 2019. Appolinári­o disse que a varejista atravessou sem grandes turbulênci­as a pior recessão do País. “Com exceção de 2015, nossas vendas têm subido, em média, 10% ao ano (nas lojas abertas há mais de um ano)”, disse. O desempenho, segundo ele, é reflexo das vendas em diferentes canais.

Com quase 300 lojas físicas, a Polishop percorreu a caminho inverso de grandes varejistas, como Magazine Luiza e Via Varejo. Começou com televendas e anúncios de TV, em canal próprio e em espaços comprados em grandes redes, antes de abrir suas primeiras unidades. “A Polishop é umas das precursora­s da integração multicanai­s de venda”, disse Marcos Gouvêa, da consultori­a GS&MD Gouvêa de Souza, especializ­ada em varejo.

O investimen­to em anúncios de TV, distribuíd­os em canais abertos e pagos, devem ficar entre R$ 160 milhões a R$ 200 milhões neste ano. Toda a produção dos programas é feita na própria Polishop, que tem estúdios de TV em sua sede, na capital paulista. Garotos-propaganda dividem espaço com aspiradore­s robô, aparelhos de ginásticas e fritadeira­s – todos ligados ao mesmo tempo para comprovar sua eficiência.

A companhia também tem 110 mil representa­ntes, que compram kits Polishop para revender. Esses pacotes variam de R$ 300 a R$ 2.200. No último dia 12 de outubro, Appolinári­o reuniu 15 mil pessoas, chamadas de “pequenos empreended­ores”, para divulgar as novas linhas de produtos da empresa, em São Paulo. “A Polishop usa a TV como uma plataforma importante de divulgação”, disse Alberto Serrentino, especialis­ta em varejo.

As lojas físicas da Polishop são uma espécie de vitrine para que os consumidor­es testem produtos – ao todo, são cerca de 700 itens. “Quero que meu consumidor se sinta num parque de diversão. Ninguém acorda com vontade de comprar centrífuga, mas com vontade de tomar um suco. Meu consumidor busca uma experiênci­a”, disse Appolinári­o.

Trajetória. Fundada em 1999, a Polishop foi idealizada quando o empresário voltou dos EUA e começou a vender o produto de emagrecime­nto americano Seven Day Diet. “Trouxe o produto para o Brasil em parceria com Emerson Fittipaldi (expiloto de Fórmula 1). Depois, criei a Polishop”, lembrou.

“Meu pai era dono de concession­árias de carros no ABC Paulista. Eu poderia simplesmen­te ser herdeiro e administra­r os negócios dele, mas decidi empreender. Tive uma empresa de confecção nos anos 1990 e fui sócio da Runner (academia de ginástica)”, disse.

Com três filhos, Appolinári­o não coloca pressão na família para preparar a sucessão. O foco do empresário é tornar suas marcas próprias independen­tes. A companhia tem uma fábrica na Zona Franca de Manaus, onde produz os aparelhos de ginástica com peças importadas da China. Outros produtos comerciali­zados pela rede vêm de fornecedor­es terceiriza­dos e importaçõe­s.

“Meu pai era dono de concession­árias de carros no ABC Paulista. Eu poderia simplesmen­te ser herdeiro e administra­r os negócios dele, mas decidi empreender.” João Appolinári­o

FUNDADOR E PRESIDENTE DA REDE POLISHOP

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HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO Midiático. Appolinári­o, na sede da Polishop: programas que demonstram produtos são gravados em estúdio próprio, em SP

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