O Estado de S. Paulo

“A pesar do espanto, nos artigos publicados...

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...na New Yorker em 1962 sob o título Eichmann em Jerusalém e depois no livro homônimo, Arendt deixa claro que acreditava que ele era um sujeito monstruoso. Mas também acreditava que o autoengano de Eichmann era uma condição geral na Alemanha nazista, um elemento do delírio coletivo que tornava o totalitari­smo muito poderoso. O contraste entre o grande mal e o homem comum foi o que mais a chocou. (...)

Arendt com certeza captara alguma coisa, apesar da dificuldad­e (...). Provar que Arendt estava errada em relação a Eichmann, em referência ao registro histórico, tornou-se uma espécie de cruzada para muitas pessoas. (...) A crítica era sempre motivada por uma questão tão contundent­e quanto a tese de Arendt: estaria ela diminuindo a responsabi­lidade de Eichmann no Holocausto ao sugerir que ele não teria agido de forma inteligent­e e calculista?”

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