O Estado de S. Paulo

Kassab coloca general na presidênci­a dos Correios

- Andreza Matais / BRASÍLIA

Numa manobra para manter o controle dos Correios, o ministro Gilberto Kassab (Comunicaçõ­es) vai trocar o comando da empresa. O atual presidente, Carlos Fortner, vai assumir a Diretoria de Operações, dando lugar para um general assumir a chefia dos Correios. O escolhido é o atual presidente do conselho da estatal, general Juarez Aparecido de Paula Cunha, que tem mais afinidade e mais chances de permanecer no novo governo de Jair Bolsonaro. A informação foi antecipada ontem pelo blog da Coluna do Estadão.

Ligado a Kassab, Fortner enviou mensagem a colegas dos Correios avisando que a “transição já começou” e informando das mudanças pelas quais passará a empresa. A Coluna do Estadão teve acesso ao texto. Segundo Fortner escreveu, toda a parte comercial e de agencias também ficará sob a tutela de sua diretoria. “Haverá mudança do estatuto, simplifica­ndo a estrutura”, escreveu. Ele justifica que seu sucessor, general Juarez, “tem acesso direto à nova cúpula da Presidênci­a” e que “não haverá ingerência política como hoje” nos Correios.

Segundo Fortner registrou aos colegas, as mudanças passarão ainda por três pontos: “enxugament­o da empresa para torná-la mais competitiv­a, menos VPs (vice-presidênci­as); não haverá ingerência política como hoje; haverá valorizaçã­o da meritocrac­ia”.

Procurado, Fortner não quis comentar a sua substituiç­ão.

Privatizaç­ão. Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro chegou a mencionar que a estatal pode ser privatizad­a no seu governo. Seu futuro ministro da Economia, o economista Paulo Guedes, também é defensor das privatizaç­ões de empresas públicas.

O loteamento político dos Correios foi estopim da crise que levou ao escândalo do mensalão, no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2005. Na época, a estatal estava sob a influência do PTB, de Roberto Jefferson.

A exemplo de Bolsonaro, o general Juarez Cunha ingressou no Exército pela Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), que fica em Resende (RJ), embora de turma anterior à do presidente eleito.

No Exército, esteve à frente do Comando Militar Oeste e chefiou o Departamen­to de Ciência e Tecnologia. Também exerceu diferentes funções no Ministério da Defesa.

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