O Estado de S. Paulo

Pequim e Caracas fecham acordos de US$ 20 bilhões

Esquema de corrupção era realizado com ajuda de diplomata da embaixada venezuelan­a em Pequim

- / J.C.

O esquema de corrupção denunciado por Andorra aponta para o uso de um diplomata venezuelan­o na embaixada em Pequim. Em troca de intermedia­r contatos entre as gigantes chinesas e os chavistas, ele recebeu mais de R$ 1,5 milhão. As transações ocorreram graças a uma aproximaçã­o importante entre China e Venezuela, a partir de 2007.

“A Venezuela, diante da necessidad­e de construir infraestru­tura no setor energético, assinou convênios com a China para criar um fundo de financiame­nto conjunto”, diz o Ministério Público de Andorra. O fundo foi financiado em dois terços pelos chineses – a Venezuela completou os recursos. Quem passou a administra­r o fundo foi o Banco de Desenvolvi­mento Econômico e Social (Bandes).

Em 2010, mais um acordo de US$ 20 bilhões foi assinado. A condição era que empresas chinesas fossem privilegia­das nos contratos em licitações públicas. No centro do esquema estava Diego Salazar, primo de Rafael Ramírez, ex-presidente da PDVSA e ministro do Petróleo da Venezuela entre 2004 e 2014.

“Foi neste contexto que Salazar teve a ajuda dos diplomatas da embaixada na China, para entrar em contato com empresas e facilitar os contratos em troca de importante­s somas de dinheiro”, constatou a investigaç­ão. “As empresas chinesas pagaram a Salazar entre 10% e 15% dos contratos para obter as licitações.”

“Para obter informaçõe­s e poder se situar como intermediá­rio imprescind­ível para as grandes empresas do setor, Salazar subornou o primeiro secretário da embaixada, Luis Tenorio Rodriguez. O diplomata passou a ser apresentad­o ao banco BPA, de Andorra, em 2012, e criou uma empresa de fachada, a Phomphein Corporatio­n. Em troca de serviços de consultori­a, Tenorio recebeu US$ 400 mil entre 2012 e 2014.

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