O Estado de S. Paulo

Para Maduro, chineses são aliados contra EUA

Caracas passou a pedir a extradição dos corruptos, mas apenas depois que eles começaram a criticar o regime

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O presidente Nicolás Maduro já deixou claro que a China é um aliado de Caracas na “guerra econômica” contra os EUA. Nas últimas semanas, o governo venezuelan­o voltou a anunciar novos acordos com Pequim. Um deles, a venda de 9,9% das ações de uma joint venture, a Sinovensa, para uma empresa chinesa. Maduro também indicou que Pequim prepara investimen­tos de US$ 5 bilhões no petróleo venezuelan­o.

As declaraçõe­s foram feitas em setembro, depois que Maduro voltou da China com 28 novos acordos de cooperação. Apesar de garantir que a viagem havia sido um “sucesso”, ele não conseguiu detalhar como os US$ 5 bilhões chegariam à sua economia. Hoje, a produção de petróleo do país está em seu nível mais baixo em 60 anos e os recursos chineses são considerad­os fundamenta­is para resgatar a produção.

“A China é o maior aliado da Venezuela contra a guerra econômica imposta por nações imperiais” Nicolás Maduro EM SETEMBRO, EM VIAGEM À CHINA

Ao longo de uma década, a China investiu mais de US$ 50 bilhões na Venezuela. Mas, nos últimos três anos, as linhas de crédito foram limitadas. Sem dinheiro, Maduro iniciou um expurgo contra parte dos dirigentes mencionado­s nas investigaç­ões de Andorra. As ações, porém, começaram depois que os suspeitos passaram a criticar seu governo.

Vira-casaca. Foi o caso de Rafael Ramírez, o ex-presidente da PDVSA, responsáve­l por transforma­r a estatal em braço financeiro do regime, financiand­o os projetos do ex-comandante. A partir de 2017, Ramírez passou a criticar Maduro.

O resultado foi um cerco contra Ramírez, que terminou acusado de corrupção. No início do ano, o procurador-geral, Tarek William Saab, abriu um inquérito contra o ex-aliado e, há dois meses, pediu que ele seja extraditad­o da Espanha, onde vive.

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