O Estado de S. Paulo

‘EU ME SINTO MAIS SOSSEGADO POR ESTAREM AQUI’

Aposentado de 93 anos sofreu queda em casa, o que motivou contrataçã­o de dois auxiliares

- / F.C. e P.F.

Muito ativo e com hábitos saudáveis durante toda a vida, o representa­nte comercial aposentado Joseph Cesar Sassoon, hoje com 93 anos, tentou manter, mesmo na terceira idade, a autonomia e a independên­cia dos anos em que era mais jovem. Aos 90 anos, ainda dirigia, passeava pelas ruas do bairro onde mora e ia ao clube.

Até que, há três anos, o idoso sofreu uma queda em casa e, sem conseguir se levantar sozinho, ficou horas naquela situação, até um familiar o encontrar. “Ele ficou lá, caído, sem conseguir pedir ajuda. Levamos para o hospital, ele acabou desenvolve­ndo uma pneumonia e ficou uma semana internado. Naquele momento vimos que não podíamos mais deixá-lo sozinho”, conta o engenheiro Cesar Sassoon, de 62 anos, filho de Joseph.

Foi a partir daí que o aposentado passou a contar com cuidadores 24 horas por dia. Eles o auxiliam nas refeições, no banho, na hora de tomar remédios e nos passeios pelo bairro. “Eu gosto muito de passear, gosto de caminhar no sol. Se eu não tivesse alguém para ir comigo, eu não poderia caminhar sozinho e ficaria só dentro de casa. Eu me sinto mais sossegado por eles estarem aqui”, comenta o aposentado.

A companhia das caminhadas diárias é a cuidadora do período diurno, Luciana Silvia de Souza Nery, de 35 anos, que trabalha na casa de Joseph há um ano. “Uma das coisas mais importante­s é tentar manter o idoso ativo, conversar bastante com ele, entender os gostos e manias. Tem de saber ouvir”, diz ela.

Para os filhos de Joseph, que moram na região, mas que não podem ficar em período integral com o pai por compromiss­os profission­ais, a presença de um cuidador de confiança na casa do pai traz tranquilid­ade. “Apesar de ele não ter nenhuma doença séria e estar lúcido, ele tem limitações de locomoção e deficiênci­a auditiva. Então nós também ficamos mais sossegados de saber que tem alguém dando esse apoio”, diz Cesar.

Braço direito. Mesmo sentimento tem a professora Maria Luiza Camargo Fleury de Oliveira, de 59 anos, que contratou cuidadoras

para a mãe, Therezinha, de 88. “Elas são meu braço direito. Sabem tudo da rotina da minha mãe, mandam mensagem para a geriatra quando têm dúvidas, estão sempre em contato comigo e com os meus irmãos. Se aparecer uma manchinha nova no corpo da minha mãe, elas vão saber”, conta Maria Luiza, que optou pelo serviço também por não ter disponibil­idade integral para os cuidados que a mãe necessitav­a.

“Minha mãe perdeu a visão por causa do diabete e tem Alzheimer e Parkinson. Meu irmão mora fora de São Paulo e eu e minha irmã trabalhamo­s o dia inteiro. Não daria para deixá-la sozinha nessas condições”, relata ela, que diz que é preciso analisar com cuidado o perfil do profission­al a ser contratado. “Já tivemos outras cuidadoras que não deram certo. Uma delas maltratava a minha mãe. As que estão conosco agora vieram por indicação de outras pessoas e já estão aqui há quatro anos. Agora tenho tranquilid­ade e confiança.”

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HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO 24 horas. Profission­ais auxiliam Sassoon nas refeições, no banho, na hora de tomar remédios e nos passeios pelo bairro

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