O Estado de S. Paulo

Procura por capacitaçã­o e cursos cresce; maioria sai empregada

Desafio é oferecer mais ações de prevenção e promoção da saúde; grade horária considera as orientaçõe­s federais

- /F.C. E P.F.

Com a demanda crescente por cuidadores, tem aumentado também o número de pessoas que buscam cursos na área. A Central Nacional Unimed começou a oferecer curso gratuito de cuidador em 2014, com 22 vagas. Em 2018, o número de postos oferecidos saltou para mais de 600 e, mesmo assim, a expansão não foi suficiente.

“Foram 5 mil inscritos. Ofertar esse curso é necessário porque há muitas pessoas trabalhand­o na área sem a capacitaçã­o adequada. Entre nossos participan­tes, 30% já atuavam na área mesmo antes do curso”, diz Alexandre Ruschi, presidente da entidade. “No sistema Unimed, temos promovido mudanças na assistênci­a para oferecer mais ações de prevenção e promoção de saúde e a capacitaçã­o do cuidador vai nessa linha.” Segundo Ruschi, 70% dos alunos saem do curso empregados.

No Senac-SP, a demanda também é grande. Desde 2009, 9 mil profission­ais já se formaram. A montagem da grade levou em consideraç­ão as orientaçõe­s contidas na Classifica­ção Brasileira de Ocupações (CBO), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Embora o cuidador não possa realizar procedimen­tos invasivos, como aplicar injeções, a parte de saúde também é incluída no curso.

“Precisa dar conta das questões de saúde e emocionais e trabalhar para que o idoso seja inserido no contexto social, com atividades que ele gosta. Tem de ajudar, mas desenvolve­ndo a independên­cia”, diz a gerontólog­a Karen Elise de Campos, professora do Senac-SP.

Na Cruz Vermelha de São Paulo, o número de formados quase quadruplic­ou nos últimos dez anos, passando de 102 em 2008 para 401 neste ano. “A sensibiliz­ação é importante para o cuidador entender por que o idoso age daquele forma. O curso é pertinente para quem quer atuar na área e para a família”, conta Márcio José da Silva, especialis­ta em gerontolog­ia e coordenado­r do curso.

Na avaliação de Karen, o perfil de interessad­os pela formação mudou. “Antes, eram mulheres de meia idade, que estavam voltando para o mercado. Hoje, recebemos pessoas com pós-graduação, assistente­s sociais, estudantes de Enfermagem e de Fisioterap­ia.”

Dados do MTE mostram que, de fato, os cuidadores hoje têm nível de escolarida­de maior do que há dez anos. Em 2007, 63,2% deles não tinham nem ensino médio completo. No ano passado, esse índice caiu para 25,1%.

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