O Estado de S. Paulo

O Quebra-Nozes sem a tensão de Natal

‘O Quebra-Nozes e os Quatro Reinos’, produzido pela Disney, transforma a história conhecida em algo diferente

- Mariane Morisawa

Com um Natal estressant­e se aproximand­o rapidament­e, nada melhor do que se refugiar da compra de presentes e da ceia desconfort­ável com a família numa fantasia. Mesmo nos quentes trópicos, o balé O Quebra-Nozes, baseado na obra de E.T.A. Hoffmann, é uma tradição desta época do ano, com um boneco de madeira que ganha vida e é salvo por uma menina em paisagens nevadas. Mas o filme O Quebra-Nozes e os Quatro Reinos, dirigido por Lasse Halström e Joe Johnston e produzido pela Disney, transforma a história conhecida em algo diferente – tanto que o roteiro de Ashleigh Powell é “sugerido” pelo livro de Hoffmann.

A heroína é Clara (Mackenzie Foy, que fez seu primeiro papel de destaque como a filha do vam- piro Edward e da humana Bella na saga Crepúsculo ). A adolescent­e perdeu a mãe re- centemente e, na noite de Natal, recebe o último presente deixado por ela: uma caixinha musical, sem a chave. Para desvendar o mistério, a menina conta com a ajuda de seu padrinho, o inventor Drosselmey­er (Morgan Freeman). “Clara é determinad­a e ativa”, disse Foy em entrevista em Los Angeles. “Gosto porque ela é mecânica, ama ciência. Ao mesmo tempo, usa vestidos lindos. Tem vários lados diferentes, o que é legal.”

É assim que a garota vai parar em outro universo, dividido em Reino dos Flocos de Neve, Reino das Flores e Reino dos Doces, onde conhece, claro, o terrível Rei Rato e a Fada Plum (Keira Knightley), personagen­s famosos do balé. “Uma das razões pelas quais quis fazer o filme é por ser uma chance de ser boba”, disse Knightley. “Muito

do trabalho que faço é sério e sutil, e aqui a sutileza foi banida. Só sabemos que ela é açucarada e doce.” A atriz se inspirou no tema mais famoso criado por Tchaikovsk­i para criar a risada de Plum e daí surgiu sua voz fininha. Clara descobre que sua mãe foi uma grande amiga de Plum. O quarto reino, comandado pela tirana Mãe Ginger (Helen Mirren), precisa ser salvo. Os bailarinos Misty Copeland e Sergei Polunin e o maestro Gustavo Dudamel também participam da produção. Knightley, que viu o balé pela primeira vez aos 3 anos e ficou aterroriza­da com o Rei Rato, acha sua filha, que tem essa idade, muito nova para assistir ao filme, mas gostou que Clara é inteligent­e e salva o mundo.

A atriz ficou famosa por criticar certas histórias que renderam alguns dos clássicos desenhos da Disney. “Há certas mensagens que não sei se quero que ela receba. Por exemplo: Esperar que um homem rico a resgate. Não, ela precisa se salvar sozinha. Quero que ela saiba que não é legal um estranho te beijar quando você está dormindo, sem seu consentime­nto”, disse. “Mas, em termos de filmes da Disney, temos muitos. Em Moana – Um Mar de Aventuras, brilhante, ela se vira, salva o mundo. Frozen – Uma Aventura Congelante, que fala da sororidade. Divertida Mente, meu favorito, sobre uma menina lidando com suas emoções, de maneira tão inteligent­e. Temos muitos, só não temos aqueles das garotas esperando pelo resgate. Esses não entram em casa.” Keira Knightley se lembra que não havia nada disso quando ela era criança. “Quero que minha filha saiba que pode ser médica, engenheira, viajar o mundo, viver aventuras.” Que, afinal, lute como uma garota.

Keira Knightley tirou do balé mais famoso de Tchaikovsk­i o riso e a voz fina da fada Plum

 ?? DISNEY PICTURES ?? Tradição de fim de ano. Um universo dividido em três reinos
DISNEY PICTURES Tradição de fim de ano. Um universo dividido em três reinos

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil