50 anos de histórias
vem desde o início. O museu já funcionava desde 1947 num prédio na Rua Sete de Abril, no Centro de São Paulo. Foi brevemente para a Fundação Armando Álvares Penteado na década de 1950. Mas, com um acervo cada vez maior, Pietro Bardi e Assis Chateaubriand decidiram construir uma sede própria.
O terreno escolhido, doado à prefeitura de São Paulo, era ocupado por um belvedere, projetado por Ramos de Azevedo e demolido em 1951. Lina teve papel fundamental nesse movimento. “Ela articulou a cessão do terreno e participou das negociações”, afirma Toledo, um dos curadores de uma exposição sobre a arquiteta que vai passar pelo Masp e também pelo Museu Jumex, no México, e pelo Museu de Arte Contemporânea de Chicago no ano que vem. “Dentro do contexto temático do ano que vem, achamos por bem fazer uma exposição que mostrasse as diferentes facetas da Lina, arquiteta, design, editora, curadora e educadora.”
Bo Bardi fez outros edifícios icônicos como o Sesc Pompeia, em São Paulo, e o Museu de Arte Moderna da Bahia, mas o prédio do Masp figura entre suas mais grandiosas obras. A ideia do Vão Livre, com vista para a Avenida 9 de Julho, é, talvez, a parte mais marcante da construção, cujo trabalho de engenharia dos pilares de sustentação ficou a cargo do engenheiro José Carlos de Figueiredo Ferraz.
“Aquelas vigas foram uma solução bastante engenhosa, vencer aquele vão exigiu um cálculo especial e um material de resistência, para manter de pé”, opina Ricardo Ohtake. O arquiteto lembra ainda que a tinta vermelha, que tornou o Masp cartão postal de São Paulo, veio muitos anos depois. “Aquela pintura em vermelho é um revestimento, para evitar o desgaste. Lembro que estava caindo poeira das vigas.”
O processo de construção não foi fácil, segundo Marcelo Ferraz. “Foram muitas dificuldades. O projeto começou em 1958, ficou parado entre 1961 e 1965, e teve problemas nas ferragens e vigas”, afirma. “Mas ela levou a ideia de criar um museu de arte contemporânea às últimas consequências. Você consegue ter no local a luz do dia e um espaço de convivência.”
Para o professor Eduardo Rosetti, do departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília, que também estará no seminário de comemoração, o legado e a influência do trabalho de Lina foi para além de São Paulo e do lado arquitetônico. “A experiência do Masp foi para a Bahia. Inventar um museu é construir acervo, mas também pensar no seu funcionamento e no lado pedagógico.”