O Estado de S. Paulo

Bolsonaro terá esquema inédito de segurança

Chefe do GSI pediu estudo após governo identifica­r novas ameaças; plano é adotar algumas medidas usadas por presidente­s dos EUA

- Tânia Monteiro / BRASÍLIA

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), e sua família devem ter um esquema de segurança reforçado e mais severo do que qualquer outro ocupante do Palácio do Planalto já teve, segundo o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucio­nal (GSI), general Sérgio Etchegoyen. Além do atentado sofrido durante a campanha, a inteligênc­ia do governo tem identifica­do frequentes ameaças a Bolsonaro, disse Etchegoyen.

O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucio­nal (GSI), general Sérgio Etchegoyen, encomendou à sua equipe um estudo para reforçar a segurança de Jair Bolsonaro e sua família a partir da posse do novo presidente, em 1.º de janeiro. O motivo do pedido, além do atentado sofrido na campanha, são as frequentes ameaças identifica­das pela inteligênc­ia do governo.

Etchegoyen não fala em números ou estratégia­s por questões de segurança, mas já avisou que “obviamente” haverá um rigor muito maior no controle a tudo que tem a ver com o presidente eleito. “O esquema que está sendo preparado para receber um presidente que já sofreu um atentado será muito diferente e muito mais severo do que qualquer outro titular do Planalto já viu ou teve”, afirmou o general ao Estado.

Bolsonaro teve sua segurança reforçada pela Polícia Federal durante a campanha, após ser vítima de uma facada no dia 6 de setembro, em Juiz de Fora (MG). Segundo informaçõe­s da área de inteligênc­ia, as ameaças continuara­m mesmo após a eleição. “O GSI não comenta detalhes de sua responsabi­lidade com a segurança presidenci­al, mas confirma que existem ameaças que efetivamen­te preocupam”, disse o ministro.

A segurança de Bolsonaro após a posse será chefiada pelo general Luiz Fernando Estorilho Baganha. Ele assumirá o cargo no lugar do general Nilton Moreno, que hoje está à frente da montagem da estrutura de proteção ao presidente eleito.

Durante a campanha, o candidato foi avisado que corria risco. Aliados, inclusive, citaram as ameaças como justificat­iva para que Bolsonaro não participas­se dos debates eleitorais na reta final. Anunciado como futuro ministro da Defesa, o general da reserva Augusto Heleno chegou a divulgar um vídeo na véspera da eleição com o alerta para uma “real ameaça de atentado terrorista” contra Bolsonaro, articulada por uma “organizaçã­o criminosa”.

Na semana passada, com Bolsonaro já eleito, a Agência Brasileira de Inteligênc­ia (Abin) e a PF se reuniram para discutir o novo esquema reforçado que irá vigorar durante o governo de transição. Atualmente, uma equipe de 55 homens da PF se revezam na proteção ao presidente eleito. A informação é de que as ameaças partiram de diferentes fontes, inclusive de facções criminosas como PCC e Comando Vermelho e, segundo o Estado apurou, existem escutas telefônica­s das ameaças que estão sendo investigad­as.

A ideia é adotar no Brasil algumas das medidas usadas para proteger os presidente­s norte-americanos, em que os cuidados com segurança chegam a níveis máximos.

As tradiciona­is entrevista­s nas quais o presidente fica rodeado por repórteres, por exemplo – chamadas de quebra-queixo no jargão jornalísti­co –, devem acabar. Os preparativ­os de viagens e contato com o público também serão repensados.

Conforme antecipou o Estado, a equipe de Bolsonaro estuda, ainda, abandonar o tradiciona­l desfile em carro aberto na cerimônia de posse. O veículo que costuma ser utilizado no percurso pela Esplanada dos Ministério­s é um Rolls-Royce que o Brasil recebeu de presente do governo britânico, em 1953. Em entrevista à Rede Vida, na quinta-feira, o presidente eleito afirmou que vai seguir “rigorosame­nte” as recomendaç­ões da área de inteligênc­ia na posse.

Troca na guarda. A PF ficará com Bolsonaro até 31 de dezembro. A equipe do GSI, formada em parte por militares do Exército, será reforçada para assumir a função na virada do ano. Caso haja alguma solicitaçã­o, há a possibilid­ade de que a “passagem de bastão” seja antecipada. Mais de 800 pessoas trabalham neste setor.

A segurança será ampliada não só pelas ameaças, mas também pela quantidade de pessoas a serem protegidas. Bolsonaro é casado e tem cinco filhos. Todos têm direito à segurança da Presidênci­a.

Além disso, serão montados escritório­s no Rio de Janeiro para dar infraestru­tura à família tanto de Bolsonaro quanto do seu vice, general Hamilton Mourão, que têm casa na capital fluminense.

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FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL Oração. O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), participou ontem de culto na Igreja Batista Atitude, no Rio de Janeiro, ao lado da mulher, Michelle

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