GÁS BOLIVIANO
Renovação do contrato
No artigo Novo governo, novas ideias e novos avanços (3/11, B2) Adriano Pires mostra que domina a questão do petróleo no País. Numa passagem, falando do suprimento de gás natural, lembra que o contrato com a Bolívia, que termina em 2019, tem de ser renegociado. Sobre essa fonte de gás, gostaria de lembrar alguns aspectos do negócio. A instalação de extração e tratamento de gás na Bolívia foi feita/custeada pela Petrobrás, que tinha as devidas autorizações para atuar naquele país. Se não me engano, as negociações se deram ao tempo do antecessor de Evo Morales na Bolívia e de Fernando Henrique Cardoso pelo Brasil. O contrato era muito generoso com a Bolívia. Construído o gasoduto para transportar o gás para o Brasil, dimensionado para uma demanda futura, iniciou-se o transporte com fluxo reduzido, compatível com a demanda inicial, que era baixa. Em certo momento, houve lá a troca de presidente, por Evo Morales, e de nossa parte, por Lulla. Nesse tempo houve o episódio da expropriação da usina, que foi ocupada pelas Forças Armadas bolivianas, com o beneplácito de Lulla. Ou seja, a expropriação foi consentida. Quanto ao preço do gás, foi cobrado não pelo volume fornecido, mas pela capacidade máxima do gasoduto. E o Brasil aceitou! Mais
adiante, já com consumo próximo da capacidade do gasoduto, Morales “descobriu” que havia na mistura de gases que se verifica no gás natural certo componente que, separado, teria valor bem mais elevado. Mas era apenas um componente da mistura do combustível. Morales exigiu aumento do preço por isso e o Brasil acatou, bovinamente. Uma vez que estamos avançando na produção de gás natural, o fornecimento da Bolívia deixará de ser indispensável e isso deverá ser considerado na discussão de novo contrato.
MARIO HELVIO MIOTTO
mariohmiotto@gmail.com Piracicaba