Última colônia decide se manter na França
A população da última colônia da França no mundo, a Nova Caledônia, decidiu ontem por referendo permanecer sob a tutela do país e recusar a independência. Em um resultado mais apertado do que o previsto, os unionistas venceram por 56,4% dos votos, contra 43,6% dos indepedentistas, com 80,6% de participação do eleitorado. Embora não tenha feito campanha em favor da manutenção do atual status do arquipélago situado na Oceania, a vitória francesa foi celebrada pelo presidente Emmanuel Macron.
O referendo foi a primeira votação popular sobre o assunto desde 1998, quando um acordo nacional sobre a autodeterminação da Nova Caledônia foi aprovado. Mais de 138 mil eleitores se manifestaram, e a vitória do “Não” à independência não foi contestada pelos independentistas. Mas, por trás do resultado geral, a divisão da província ficou clara entre um sul rico e populoso, e com maior desigualdade social, onde 73,7% dos eleitores foram contra a independência. No norte, a população votou a favor da ruptura com Paris, com 75,8% de apoio. Nessa região vive a população melanésia, autóctone, que tende mais à independência.
Em um pronunciamento oficial sobre o tema, Macron agradeceu a confiança da população local, afirmando ser uma honra para os franceses terem sido escolhidos pelos habitantes locais. “O único vencedor é o processo de paz que se desenrola na nova Caledônia há 30 anos, e seu espírito de diálogo”, afirmou, reiterando: “Não há outro caminho além do diálogo”.
A ideia de Paris é não marginalizar a população que votou pela independência, e sim integrála no processo político que se seguirá ao referendo. Hoje o primeiro-ministro francês, Édouard Philippe, deve visitar a capital, Nouméa, para encontrar-se com líderes políticos de diferentes partidos e movimentos, inclusive o Partido Trabalhista e a União Sindical dos Trabalhadores Kanak e Explorados (USTKE), independentistas que apelaram ao boicote da votação, sem grande sucesso.
A votação de ontem é apenas a primeira de uma série de três definidas no acordo de autodeterminação. Outros dois referendos acontecerão em 2020 e 2022, o que dá esperança aos líderes independentistas. “Para nós foi um resultado inesperado e um sucesso. Mostra que nosso povo está amadurecido politicamente”, disse Louis Mapou, líder da Frente de Liberação Nacional Kanak e Socialista (FKNKS). “Cabe a nós apresentar propostas, e nos levar a vitória no próximo referendo.”