O Estado de S. Paulo

‘Estou em crise permanente’, relata professora do RS

Servidores gaúchos continuam recebendo a conta-gotas; na última quarta, governo pagou 10ª parte do 13º de 2017

- Lucas Rivas ESPECIAL PARA O ESTADO

Faltando um mês para chegada de dezembro, o drama dos servidores estaduais do Rio Grande do Sul continua o mesmo: atraso nos vencimento­s somado ao parcelamen­to do 13.° salário. Ativos ou inativos, os servidores do funcionali­smo gaúcho seguem recebendo a conta-gotas. Na última quarta-feira, o governo estadual pagou a décima parcela do 13.º salário de 2017.

Ao assumir um Estado mergulhado em uma crise financeira e econômica, o governador José Ivo Sartori (MDB), que tentou a reeleição, mas acabou sendo derrotado nas urnas, tem sido cobrado pelos servidores públicos pelo recorrente atraso de salários. De 2015 para cá, os vencimento­s dos trabalhado­res foram parcelados em 35 ocasiões.

Para a professora de artes e religião Luciene Luzardo, 46 anos, o parcelamen­to dos salários e do 13.° prejudicou o cotidiano da família. “Ficamos completame­nte sem dinheiro. No primeiro ano dos atrasos, minhas dívidas só acumularam. Consegui sair do vermelho porque um amigo me emprestou R$ 1 mil”, diz ela, que atua há dez anos na rede estadual de ensino, em Porto Alegre. “Estamos numa crise permanente. Nem presente de Natal dei ou vou dar para o meu filho, pois o 13.° vem aos poucos.”

Aposentada, a técnica do Tesouro Sônia Klein, de 56 anos, também leva a vida na ponta do lápis. Moradora do litoral gaúcho, ela diz que a esperança de contar com o benefício acabou. “É uma angústia. Venho tirando dinheiro da poupança para pagar o cartão de crédito. Além disso, o comércio todo depende do 13.° salário, mas a gente não consegue se planejar. Como vou pagar minhas contas?”

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