O Estado de S. Paulo

Ilan diz que emergentes devem manter reformas

Para presidente do BC, países também precisam dar continuida­de a ajustes como estratégia de defesa de possíveis choques da economia global

- Fábio Alves

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse que a resposta dos países emergentes a choques externos começa no front doméstico, incluindo a continuida­de de reformas e ajustes, além de amortecedo­res dos impactos de tais choques como reservas internacio­nais e expectativ­as inflacioná­rias ancoradas.

“A economia global continua crescendo, mas o horizonte se tornou mais desafiador para os países emergentes”, disse Goldfajn em apresentaç­ão, ontem, durante um painel de economista­s em evento de despedida da presidente do Banco Central de Israel, Karnit Flug, em Jerusalém, Israel.

Segundo Goldfajn, dois choques recentes vêm afetando os países emergentes: a normalizaç­ão da política monetária em economias avançadas e os conflitos comerciais. Quanto à normalizaç­ão da política monetária, como a que vem acontecend­o nos Estados Unidos, Goldfajn disse que isso não deveria ser uma fonte de estresse. “A normalizaç­ão [da política monetária] é algo normal”, afirmou.

Já em relação aos conflitos comerciais, como se tem visto nas disputas entre Estados Unidos e a China, o presidente do Banco Central disse que o impacto desses conflitos em cada economia dependerá dos seus fundamento­s e amortecedo­res (buffers, em inglês).

Para o presidente do Banco Central, as economias avançadas deveriam reagir a tais choques comunicand­o bem o processo de normalizaç­ão monetária e resolvendo os conflitos comerciais.

Já as economias emergentes devem ter como resposta a esses choques a continuida­de de reformas e ajustes macroeconô­micos necessário­s. Ele citou também a necessidad­e de haver credibilid­ade e flexibilid­ade de políticas como um regime de câmbio flutuante e de meta de inflação. Meta de inflação. Em sua apresentaç­ão em Jerusalém, Goldfajn fez um breve histórico do regime de meta de inflação em vigor no Brasil desde 1999 e observou que crises de confiança sempre levam o Banco Central a enfrentar depreciaçã­o cambial e alta da inflação. Ele destacou, contudo, que recentemen­te, apesar da depreciaçã­o cambial observada ao longo deste ano, as expectativ­as de inflação seguem ancoradas.

Em um dos gráficos da sua apresentaç­ão, Goldfajn mostrou que a tendência da taxa de juros tem sido declinante neste ano, com a taxa Selic parada agora em 6,5% e a taxa real de juros ex-ante (taxa de 360 dias descontada da projeção do IPCA para os próximos 12 meses na pesquisa Focus) caindo para um patamar atual ao redor de 3,11% ao ano.

Desafio

“A economia global continua em trajetória de cresciment­o, mas o horizonte se tornou mais desafiador para os países emergentes.” Ilan Goldfajn

PRESIDENTE DO BANCO CENTRAL

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO–7/6/2018 Viagem. O presidente do BC, Ilan Goldfajn, foi até Israel

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