O Estado de S. Paulo

Empresas dos EUA sentem impacto chinês

Para compensar tarifas por conta da ‘guerra comercial’, grupos aumentaram os preços

- /AGÊNCIAS INTERNACIO­NAIS

Empresas norte-americanas estão compensand­o os efeitos da escalada de tarifas comerciais para a China com aumento de preços ou mudanças em suas cadeias de fornecimen­to, mas alertam investidor­es que o cenário pode piorar no ano que vem.

Tarifas diminuíram o transporte de madeira e grãos, elevaram o custo de itens que vão de cabides para roupas a materiais pesados, além de terem comprimido margens para fabricante­s de chips e ferramenta­s, entre outros impactos. Esses efeitos foram descritos em números e comentário­s de 75% das companhias da S&P 500 que divulgaram resultados ao mercado.

“O efeito negativo está espalhado”, diz Binky Chadha, estrategis­ta-chefe de ações global do Deutsche Bank. Ainda assim, ele acrescenta, o impacto até o momento é modesto.

As preocupaçõ­es com tarifas ocorrem em meio a sinais de desacelera­ção no cresciment­o dos lucros e vendas das empresas. Em média, o lucro por ação das companhias do S&P 500 no 3.º trimestre pode crescer 27,1% na comparação com o mesmo período de 2017 – se confirmado, será o 3.º trimestre seguido de ganhos acima de 25%, conforme dados da empresa de informaçõe­s financeira­s Refinitiv. Analistas acreditam que ao menos um terço desse ganho trimestral vem do corte de impostos, efeito que não deve se repetir no ano que vem.

As receitas dos grupos do S&P 500 devem subir 8%, ainda acima do normal para os últimos anos, mas mais lento que o ritmo dos últimos três trimestres.

Olhando para frente, analistas e economista­s destacam que o cresciment­o da economia global desacelero­u, particular­mente na Europa e na China. “Provavelme­nte, parte disso é devido à imposição de tarifas e à guerra comercial”, diz Chadha. “Mas parte disso já ocorreria de toda forma”, acrescenta.

Companhias estão lidando com tarifas comerciais impostas à China, assim como com a imposição sobre as importaçõe­s de aço, alumínio, madeira e outros. Se as tarifas saltarem para 25% sobre as cerca de US$ 200 milhões de importaçõe­s chinesas que hoje enfrentam tarifa de 10%, conforme ameaça o governo do presidente Donald Trump, isso poderia reduzir o cresciment­o das empresas do S&P 500 em 2 a 3 pontos porcentuai­s.

Impacto. Grandes grupos já afirmaram que as tarifas têm gerado redução na demanda por produtos enviados para a China a partir dos EUA. De acordo com a empresa de madeira, Weyerhaeus­er Co, as exportaçõe­s para a China caíram com a tarifa de 5% imposta em setembro, apesar da sólida atividade de construção no país. A gigante do transporte férreo Union Pacific disse que o aumento sazonal no transporte de grãos não se materializ­ou, em parte pelas tarifas chinesas. Já a Caterpilla­r Inc. afirmou que as vendas sofreram, e que suas operações de manufatura­dos em ambos os países reduziram a exportação. Mas alguns grupos informam que aumentar preços, como muitas companhias já fizeram, leva tempo e nem sempre é possível.

Cresciment­o afetado

“O efeito negativo está espalhado. Parte disso é devido à imposição de tarifas e à guerra comercial.” Binsky Chadha

ESTRATEGIS­TA-CHEFE DE AÇÕES DO

DEUTSCHE BANK

 ?? TOM BRENNER/THE NEW YORK TIMES–2/11/2018 ?? Disputa. Ações de Trump contra a China afetam empresas
TOM BRENNER/THE NEW YORK TIMES–2/11/2018 Disputa. Ações de Trump contra a China afetam empresas

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