O Estado de S. Paulo

Doria escolhe Kassab, réu na Lava Jato, para a Casa Civil

Ministro e ex-prefeito de São Paulo é acusado de ter recebido R$ 21 mi da Odebrecht e vai cuidar da articulaçã­o política

- Pedro Venceslau

O governador eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou ontem que o ex-prefeito e atual ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicaçõ­es, Gilberto Kassab (PSD), será o chefe da Casa Civil, responsáve­l pela articulaçã­o política do futuro governo.

Ex-ministro do governo Dilma Rousseff (Cidades), Kassab virou réu e teve os bens bloqueados pela Justiça paulista em setembro deste ano acusado de enriquecim­ento ilícito pelo suposto recebiment­o de R$ 21 milhões via caixa 2 da Odebrecht na sua campanha à reeleição a prefeito, em 2008, e para a criação do PSD, até 2014. O caso também é alvo de inquérito criminal na Justiça Federal.

Na coletiva em que anunciou Kassab como secretário, Doria minimizou os indícios de corrupção envolvendo o aliado de primeira hora em sua campanha ao Palácio dos Bandeirant­es. “Não há juízo final. (A nomeação) não gera nenhum tipo de problema. Ele foi um apoiador de nossa candidatur­a desde a primeira hora”, afirmou o governador eleito.

Já Kassab, que tem negado a prática desde a divulgação das delações de executivos da Odebrecht, em abril de 2017, voltou a dizer que confia na Justiça brasileira. “Podem ter certeza absoluta que todas as minhas ações na vida pública foram pautadas no critério da moralidade e estou muito tranquilo quanto ao resultado final desse julgamento”, disse Kassab.

Presidente licenciado do PSD, o ministro ressaltou o apoio do partido ao governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL). “Estou entre os brasileiro­s que torcem para esse governo dê certo. Em tudo que estiver ao nosso alcance, vamos dar apoio”, declarou.

Vice. Doria também confirmou ontem que o seu vice, Rodrigo Garcia (DEM), será o responsáve­l pela articulaçã­o de governo, conforme antecipou o Estado na semana passada. A secretaria de Governo pode ser extinta ou mudar de nome, dependendo de um parecer da área jurídica da transição.

Ex-chefe de gabinete de Doria na Prefeitura, o advogado Wilson Pedroso deve assumir a mesma função no governo, mas com atribuiçõe­s expandidas. Hoje, o governador eleito deve anunciar novos nomes do primeiro escalão.

Doria também prometeu reduzir o número secretaria­s – hoje são 23 pastas – e fazer um governo “mais enxuto e focado”, mas não deu mais detalhes. O tucano também falou em diminuir cargos de comissão e dar um “novo desenho institucio­nal” à gestão estadual. Apesar da proposta, ele também prometeu criar uma nova pasta, a Secretaria do Interior, para fazer a articulaçã­o com as prefeitura­s do interior.

Garcia disse que conversou com o atual governador, Márcio França (PSB), derrotado no segundo turno da disputa estadual, e que a primeira reunião de transição deve ocorrer hoje. / COLABORARA­M PAULO BERALDO e FABIO LEITE

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RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS Composição. Doria durante anúncio de Kassab no governo

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