Doria escolhe Kassab, réu na Lava Jato, para a Casa Civil
Ministro e ex-prefeito de São Paulo é acusado de ter recebido R$ 21 mi da Odebrecht e vai cuidar da articulação política
O governador eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou ontem que o ex-prefeito e atual ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab (PSD), será o chefe da Casa Civil, responsável pela articulação política do futuro governo.
Ex-ministro do governo Dilma Rousseff (Cidades), Kassab virou réu e teve os bens bloqueados pela Justiça paulista em setembro deste ano acusado de enriquecimento ilícito pelo suposto recebimento de R$ 21 milhões via caixa 2 da Odebrecht na sua campanha à reeleição a prefeito, em 2008, e para a criação do PSD, até 2014. O caso também é alvo de inquérito criminal na Justiça Federal.
Na coletiva em que anunciou Kassab como secretário, Doria minimizou os indícios de corrupção envolvendo o aliado de primeira hora em sua campanha ao Palácio dos Bandeirantes. “Não há juízo final. (A nomeação) não gera nenhum tipo de problema. Ele foi um apoiador de nossa candidatura desde a primeira hora”, afirmou o governador eleito.
Já Kassab, que tem negado a prática desde a divulgação das delações de executivos da Odebrecht, em abril de 2017, voltou a dizer que confia na Justiça brasileira. “Podem ter certeza absoluta que todas as minhas ações na vida pública foram pautadas no critério da moralidade e estou muito tranquilo quanto ao resultado final desse julgamento”, disse Kassab.
Presidente licenciado do PSD, o ministro ressaltou o apoio do partido ao governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL). “Estou entre os brasileiros que torcem para esse governo dê certo. Em tudo que estiver ao nosso alcance, vamos dar apoio”, declarou.
Vice. Doria também confirmou ontem que o seu vice, Rodrigo Garcia (DEM), será o responsável pela articulação de governo, conforme antecipou o Estado na semana passada. A secretaria de Governo pode ser extinta ou mudar de nome, dependendo de um parecer da área jurídica da transição.
Ex-chefe de gabinete de Doria na Prefeitura, o advogado Wilson Pedroso deve assumir a mesma função no governo, mas com atribuições expandidas. Hoje, o governador eleito deve anunciar novos nomes do primeiro escalão.
Doria também prometeu reduzir o número secretarias – hoje são 23 pastas – e fazer um governo “mais enxuto e focado”, mas não deu mais detalhes. O tucano também falou em diminuir cargos de comissão e dar um “novo desenho institucional” à gestão estadual. Apesar da proposta, ele também prometeu criar uma nova pasta, a Secretaria do Interior, para fazer a articulação com as prefeituras do interior.
Garcia disse que conversou com o atual governador, Márcio França (PSB), derrotado no segundo turno da disputa estadual, e que a primeira reunião de transição deve ocorrer hoje. / COLABORARAM PAULO BERALDO e FABIO LEITE