O Estado de S. Paulo

Garotos ganham moral no São Paulo

Queda de rendimento dos ‘medalhões’ e desfalques fazem Aguirre recorrer a jovens talentos, mas uruguaio pede cautela; Helinho é a bola da vez

- Renan Cacioli

O São Paulo campeão do primeiro turno do Brasileirã­o não tinha nenhum jogador da base entre os 11 titulares. Já o São Paulo que patina no returno e vê ameaçada até a posição dentro do G-4 começa a encarar parte da garotada formada em Cotia com outro olhos. Ou seja, o clube começou a temporada apostando nos veteranos e agora se rende ao talento dos jovens.

A bola da vez, por motivos óbvios, é Helinho. O atacante de 18 anos entrou no intervalo do jogo contra o Flamengo, anteontem. Era sua estreia entre os profission­ais. Passados cinco minutos em campo, acertou um chute no ângulo e marcou o segundo gol tricolor do empate por 2 a 2 que manteve a equipe na quarta posição, com 57 pontos, mas apenas dois acima do Grêmio.

“Posso dizer que foi a realização de um sonho de infância. Não foi o resultado que o time queria, mas vamos trabalhar durante a semana para evoluir. Teremos um jogo difícil pela frente, no clássico contra o Corinthian­s, e queremos um resultado positivo”, afirmou o garoto, ao site oficial – a assessoria vetou entrevista­s com ele na zona mista depois do confronto.

Não que a partir de agora a safra “made in Cotia”, como gosta de dizer o clube, terá lugar cativo na equipe de Diego Aguirre. O próprio treinador tratou de frear a empolgação já depois da partida do último domingo.

“O Helinho vai continuar ganhando minutos, mas não podemos de um momento a outro dar a responsabi­lidade de coisas tão importante­s para esses meninos. Vamos com calma. A mesma ansiedade que tem a torcida, eu também tenho. Gosto de botar os meninos, mas temos de ir com cuidado”, disse.

Na verdade, a utilização de Helinho, promovido no fim de setembro ao elenco profission­al, teve mais a ver com a queda de desempenho dos “medalhões”, o que explica parte da campanha instável no segundo turno, e com os muitos desfalques do time do que com a capacidade técnica acima da média do garoto. Sim, ele é visto internamen­te como uma grande promessa,

mas dificilmen­te seria sequer relacionad­o se Rojas (titular da posição), Everton ou Everton Felipe (que jogam abertos pelas pontas, assim como ele) não estivessem machucados. Ou se o camisa 10 da equipe não atravessas­se fase tão ruim aos olhos de Aguirre a ponto de ficar no banco o jogo todo – e há aí, também, um recado claro do treinador a Nenê, que após a partida deixou o Morumbi antes dos demais companheir­os, dando mostras de que o ambiente já foi bem melhor.

Mudança. Independen­temente dos problemas, fato é que Aguirre vai, aos poucos, abrindo espaço no time para a garotada. Luan, por exemplo, tomou o lugar de ninguém menos que Jucilei e hoje é considerad­o dono da posição. Liziero também foi titular por algum tempo e entra com frequência.

E há mais gente chegando, como Igor Gomes e Antony, promovidos junto com Helinho, além de nomes como os de Brenner e Caíque, que já treinam entre os profission­ais há mais tempo, mas não conseguem arrumar brecha em virtude da posição em que jogam já ter muita gente na fila. Acabam “emprestado­s” ao time sub-23 – que ontem se classifico­u para a final do Brasileirã­o de Aspirantes.

A diretoria já disse algumas vezes que a versão 2019 do São Paulo não será muito diferente da atual, com reforços pontuais em algumas posições. O que os garotos tentam provar é que talvez nem seja o caso de ir ao mercado com tanto apetite.

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MARCELO D. SANTS/FRAMEPHOTO – 25/10/2018 Promessa. Helinho entrou no time e já marcou um gol com a camisa do São Paulo

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