O Estado de S. Paulo

SP alerta para risco de febre amarela no litoral

Secretaria faz alerta sobre necessidad­e de imunização contra a febre amarela para quem planeja viajar ao litoral paulista, onde o vírus circula

- José Maria Tomazela SOROCABA

Quem for para o litoral paulista no fim do ano precisa tomar a vacina contra febre amarela até dez dias antes da viagem. Uma morte pela doença na região foi confirmada.

Quem ainda não se vacinou contra a febre amarela e pretende viajar para o litoral paulista nos feriados do fim do ano precisa tomar a vacina até dez dias antes de pegar a estrada. O alerta, feito ontem pela Secretaria da Saúde do Estado, leva em conta a circulação do vírus numa faixa extensa do litoral, de Ubatuba, no extremo norte, até Cananeia, no extremo sul, incluindo o Vale do Ribeira.

“Tivemos o óbito recente de uma pessoa que se contaminou em Caraguatat­uba e, nos últimos 40 dias, vários casos de macacos achados mortos. É uma região cercada de matas e o vírus está circulando nelas”, disse a diretora do Centro de Vigilância Epidemioló­gica (CEV) do Estado, Regiane de Paula.

No período que vai dos feriados deste mês até o carnaval, no início de março de 2019, o litoral paulista deve receber cerca de 10 milhões de visitantes, segundo a Secretaria de Turismo do Estado. “Quem pretende ir para essa região deve avaliar sua situação vacinal e tomar a vacina, se não tomou. Isso vale também para os moradores da região. As prefeitura­s têm intensific­ado a vacinação, mas há municípios com baixa cobertura.”

Ela disse que, enquanto no litoral norte a cobertura é superior a 85%, na Baixada Santista está em 55%. “É inacreditá­vel que as pessoas resistam a se vacinar, mesmo sabendo do risco”, afirmou Regiane.

Anteontem, o Instituto Adolfo Lutz confirmou um óbito por febre amarela na região. A vítima, um homem de 26 anos que tinha se recusado a tomar a vacina, se infectou numa área rural onde trabalhava, em Caraguatat­uba. Conforme a diretora da Vigilância, o período atual é présazonal, já que a sazonalida­de da doença vai de dezembro a maio, mas os casos já estão surgindo, o que reforça a necessidad­e de que as pessoas procurem os postos de vacinação. “Todos os municípios do Estado foram abastecido­s com vacina, mas nesse momento a prioridade é para quem vai viajar para as áreas com casos já registrado­s ou de risco, por terem matas.”

O publicitár­io Daniel Guedes, de Sorocaba, já fez a lição de casa. Com viagem marcada para Ilhabela, no litoral norte, a família foi imunizada. “Estivemos recentemen­te em Corumbá (MS) e na Bolívia e, naquela ocasião, já garantimos a vacina”, disse. O administra­dor de empresas Vinícius Shimao viaja com frequência a Santos, onde sua namorada, Débora Martins, cursa a universida­de. “Tomamos a vacina no início do ano durante uma campanha.”

Proteção. A prefeitura de Santos contestou, em parte, os dados da Secretaria que indicam baixa cobertura na região. “A Secretaria leva em conta as campanhas recentes na região, mas em Santos tivemos campanhas anteriores muito abrangente­s. A pessoa que recebeu a dose inteira da vacina há cinco anos está imunizada e não é contada. Pela nossa análise, temos cerca de 90% da população vacinada”, disse o secretário de Saúde, Fabio Ferraz. Ele teme que os alertas afetem o turismo.

A prefeitura de Caraguatat­uba informou que, mesmo após ter vacinado mais de 95% da população, a vacinação continua de casa em casa nas áreas mais afastadas.

Parques. A diretora do CEV conta que, a partir de agora, aumenta o fluxo de visitantes para áreas de parques, com cachoeiras e cavernas, localizada­s principalm­ente no Vale do Ribeira. A região concentra os principais maciços de Mata Atlântica do Estado e o vírus já circula por lá. “Tivemos casos positivos em moradores de algumas cidades e de macacos infectados em Juquiá e Pedro de Toledo.”

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GABRIELA BILO/ESTADÃO-30/1/2018 Vírus. Cobertura na Baixada Santista está em 55%, diz pasta

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