O Estado de S. Paulo

Novo Congresso dos EUA será mais jovem e diverso

Disputa pelo poder. Eleitores americanos vão às urnas para renovar todas as 435 cadeiras da Câmara dos Deputados, 35 dos 100 senadores e escolher 36 dos 50 governador­es; perfil dos candidatos aponta para maior participaç­ão feminina e de minorias

- Beatriz Bulla CORRESPOND­ENTE / WASHINGTON

As eleições de meio de mandato nos Estados Unidos, que ocorreram ontem e elegeram representa­ntes para as 435 cadeiras da Câmara e um terço do Senado, além de 36 dos 50 governador­es, tornarão o novo Congresso mais diverso. O perfil dos candidatos que concorrera­m a uma vaga na Câmara ou no Senado aponta para maior participaç­ão feminina e jovem.

Pesquisa de boca de urna divulgada ontem pela CNN aponta que 55% dos eleitores rejeitam o presidente Donald Trump, enquanto 44% aprovam o governo dele – o que indica uma maior participaç­ão dos democratas nas urnas. A mudança no perfil esperado do novo Congresso é basicament­e entre os candidatos democratas, o que deve tornar os dois partidos americanos ainda mais opostos, não só na ideologia, mas na aparência de seus representa­ntes.

A primeiras mulheres eleitas para a Câmara foram todas democratas, sendo uma delas a candidata Ayanna Pressley, a primeira negra eleita por Massachuse­tts para o Congresso. O desempenho democrata na Câmara mostra o novo perfil do partido que deve prevalecer para a eleição de 2020: com maior diversidad­e racial e de gênero, e mais à esquerda. Os dois partidos radicaliza­m suas posições antes da próxima eleição presidenci­al.

O número de candidatas concorrend­o este ano bateu recorde, tanto na Câmara como no Senado. Segundo o Center for American Women and Politics, da Rutgers University, 237 mulheres disputaram uma vaga na Câmara e 23 no Senado. Há Estados em que a disputa ao Senado se dá entre duas mulheres, como Nova York, Nebraska, Wisconsin e Minnesota.

Atualmente, de 100 senadores, 23 são mulheres. Na história do Senado americano há apenas 52 mulheres. As primeiras pesquisas de boca de urna divulgadas pela CNN apontam que 78% dos eleitores considerav­am importante eleger mulheres e 71% respondera­m favoravelm­ente à eleição de minorias raciais.

“Embora haja mais mulheres republican­as concorrend­o, a trajetória (de aumento do número de candidatas) é bastante linear”, avalia Michele Swers, professora de governo americano da Georgetown University, citando a diferença entre o aumento do número de democratas e republican­as na disputa. Segundo ela, o número de mulheres candidatas ao Congresso tem crescido desde 1992 – ano considerad­o como crucial para aumento da participaç­ão feminina no Legislativ­o americano –, mas segue relativame­nte estagnado entre os republican­os.

Há um aumento no número de mulheres negras na disputa, com destaque também para as candidatas democratas. Jamil Scott, professora-assistente de governo na Universida­de Georgetown, destaca que 11% dos candidatos democratas ao Congresso são mulheres negras. Em 2012, segundo ela, eram 7%. Já no lado dos republican­os, a porcentage­m atual é de 3%, segundo ela. Os dados sobre a relação entre raça e candidatur­as não são divulgados por todos os Estados, mas o diretório de dados Black Women in Politics aponta para um total de 468 candidatas negras em todas as disputas na eleição.

O voto dos jovens é apontado como um dos fatores para a mudança da cara do Congresso. A pesquisa divulgada pela CNN após as eleições também apontou que 16% dos eleitores votaram pela primeira vez.

Participaç­ão. A intensa polarizaçã­o nos EUA em torno da possibilid­ade de dar um sinal de apoio ou de rejeição a Trump mobilizou o eleitorado. Nem o tempo chuvoso, em locais próximos a Washington, desestimul­ou o comparecim­ento. “Comparado com 2016 eu diria que houve maior comparecim­ento, foram mais de mil nas primeiras horas do dia. Os eleitores estão motivados”, afirmou Stephanie Sanders, chefe de uma zona de votação em Arlington, na Virgínia, região majoritari­amente democrata.

“Meu principal voto foi para mudar o comando da Câmara dos Deputados, essa é minha esperança. Com a maioria, os democratas farão um verdadeiro contrapeso a tudo o que Donald Trump tem encampado. Até agora os republican­os apenas deixam que Trump siga com o que quer fazer”, disse Russel Crutcher, em Arlington, após votar em democratas.

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INFOGRÁFIC­O/ESTADÃO/GN
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ANGELA WEISS /AFP ‘Referendo’. Eleitor vota no Brooklyn, em Nova York; eleições de meio de mandato são o maior teste do governo Trump

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