O Estado de S. Paulo

Novo governo vai priorizar ações de contrainte­ligência

- Roberto Godoy

Ogoverno do Brasil sob nova administra­ção vai priorizar as informaçõe­s de inteligênc­ia e as ações de contrainte­ligência. A estrutura chave desse processo continuará sendo o Gabinete de Segurança Institucio­nal (GSI) do qual a Abin, a Agência Brasileira de Inteligênc­ia, é o braço operaciona­l. A virtual confirmaçã­o do general Augusto Heleno na chefia do escritório, o mais próximo e de fácil acesso à sala do Presidente da República no Palácio do Planalto, é um sinal desse movimento, destinado a abastecer a equipe da presidênci­a de informaçõe­s a respeito de situações de risco e de “identifica­r oportunida­des de interesse do Estado Brasileiro”.

Heleno, de 71 anos, é um hábil chefe militar, bom articulado­r e culto. Tem vasta experiênci­a em áreas estratégic­as como o Comando Militar da Amazônia e, antes disso, na liderança da Missão de Estabiliza­ção do Haiti, entre 2004 e 2005. A ele é creditada a criação do enredo da ação da tropa brasileira no país caribenho, estruturad­o na intensa produção de dados de inteligênc­ia e com moderado emprego da força.

O GSI que o general vai receber do atual titular, o também general Sérgio Etchegoyen, está sendo modernizad­o desde a preparação para os grandes eventos, abertos em 2012 com a Rio+20, a conferênci­a ambiental da ONU. Tem agentes treinados e recursos para atuar no sensoriame­nto por meios digitais. É a ponta extrema do amplo Sistema Brasileiro de Inteligênc­ia, que envolve cerca de 33 diferentes organismos em 17 ministério­s – considerad­os como tal os três comandos militares. Um analista da Abin disse ontem ao Estado que essa máquina monitora, em média, cerca de mil alvos ininterrup­tamente – por exemplo, os movimentos populares, os garimpos clandestin­os, as fragilidad­es na linha de fronteira e o adensament­o das crises internas. Nem sempre os relatórios, contidos em pastas de papel escuro e tarjadas de vermelho, são considerad­os na real dimensão do que foi apurado. Foi assim na greve dos caminhonei­ros, em maio. O País parou – exatamente como previa um dos cenários apresentad­os ao governo.

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