Estudo relaciona estresse na gravidez a depressão pós-parto
Um novo estudo apontou a relação entre o sistema imunológico e o desenvolvimento de depressão pós-parto após estresse durante a gestação. Pesquisadores da Universidade Estadual de Ohio (Estados Unidos) constataram sinais de inflamação em áreas do cérebro responsáveis pela regulação do humor e evidências de alterações no funcionamento das células imunológicas existentes no órgão.
O estudo, apresentado ontem, observou fêmeas de ratos submetidas a estresse durante a gestação, o que é um fator de risco para o distúrbio. Os cientistas constataram que, assim como ocorre com as mulheres, as cobaias começaram a apresentar diminuição na atenção com seus filhotes, além de sinais de depressão e de ansiedade ao realizar tarefas.
Ao contrário do que acontecia com os animais não submetidos ao estresse, as fêmeas também tinham níveis mais elevados de marcadores inflamatórios em seus tecidos cerebrais.
A pesquisa apontou ainda evidências de que o estresse pode modificar o funcionamento de células do sistema imunológico que atuam no cérebro. Os pesquisadores observaram o córtex pré-frontal medial, região relacionada ao humor ligada a casos de depressão pós-parto.
“A depressão pós-parto é pouco estudada e, como resultado, permanece pouco compreendida”, diz a professora associada de Psicologia Benedetta Leuner, autora principal da pesquisa. “Ter melhor entendimento dos fatores que contribuem para esse distúrbio sério e prevalente será a chave para encontrar meios para ajudar mulheres.”
Dificuldade de criar laços com o bebê e fadiga excessiva estão entre os sintomas da depressão pós-parto. “Com a gestação, a mulher fica muito mais sujeita à depressão, porque é um período de estresse, desafios e mudanças. A apatia e o ‘fazer nada’ são uma parte do quadro, que leva a muito sofrimento”, explica o ginecologista e obstetra do Hospital São Luiz do Itaim Alberto Guimarães.