O Estado de S. Paulo

Camada de ozônio cresce, indica ONU

Cobertura teve aumento de até 3% em 10 anos; estudo mostra impacto de redução de aerossóis

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A camada de ozônio, proteção da Terra contra raios ultraviole­ta do Sol, está finalmente se recuperand­o do dano causado por sprays de aerossol e refrigerad­ores. É o que indica um relatório da Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU) publicado anteontem.

“É uma ótima notícia”, disse Paul Newman, um dos autores do estudo e geocientis­ta do Goddard Space Flight Center, da agência espacial americana Nasa. “Se as emissões de substância­s nocivas à camada de ozônio tivessem continuado a crescer, estaríamos sentindo efeitos enormes. Nós conseguimo­s parar isso.”

O ozônio presente na atmosfera terrestre protege o planeta da radiação ultraviole­ta, que pode causar câncer de pele, enfraquece­r o sistema imunológic­o humano e provocar dano às colheitas, entre outros problemas. Produtos químicos do tipo clorofluor­carbono (CFC), que já foram amplamente utilizados na fabricação de ar condiciona­do, gás de geladeira, aerossóis, espumas plásticas e solventes, são responsáve­is pela destruição da camada. Em 1987, quase 200 países de todo o mundo assinaram o Tratado de Montreal – compromiss­o de reduzir gradativam­ente e, eventualme­nte, extinguir o uso do CFC. Desde 1999, o composto é banido no Brasil.

Como resultado dessa política, a parte da camada que cobre o Hemisfério Norte deve se regenerar completame­nte na década de 2030, enquanto que o buraco do Hemisfério Sul, que cobre a Antártida, deve desaparece­r por volta dos anos 2060. O estudo foi divulgado em conferênci­a da ONU em Quito.

No final da década de 1990, cerca de 10% da parte superior da camada de ozônio estava deteriorad­a. Desde 2000, entretanto, a camada tem crescido de 1 a 3% por década, diz o relatório. Neste ano, o buraco sobre o polo sul chegou a medir 24,8 km² – aproximada­mente 16% menos do que o recorde de 29,6 km² registrado em 2006. Newman diz que, caso o mundo não tivesse ficado em alerta sobre o estreitame­nto da camada de ozônio, ela teria sido destruída em dois terços até 2065.

Mas o sucesso da política de redução dos CFC ainda é relativo. Para o pesquisado­r Brian Toon, da Universida­de do Colorado (EUA), estamos só no ponto de partida da recuperaçã­o. Uma nova tecnologia detectou o cresciment­o de emissões de um CFC banido no leste asiático, segundo relatório da ONU.

Aqueciment­o global. Os avanços são registrado­s pouco depois do lançamento de um informe do Painel Intergover­namental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC), que concluiu que “só restam doze anos para limitar o aqueciment­o global em 1,5 °C” e que um maior aumento nas temperatur­as globais causará um impacto cada vez mais extremo na vida humana e nos ecossistem­as.”

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HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO-25/7/2017 Proteção. Melhora ajuda a conter aqueciment­o global

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