O Estado de S. Paulo

‘Não há no Brasil um meia como Pedrinho’

Márcio Zanardi, que aprovou o jogador no sub-15, o comparou a clássicos camisas 10 como Zico e Maradona

- João Prata

Pedrinho aos poucos vem ganhando a confiança do técnico Jair Ventura no Corinthian­s. Titular nos últimos três jogos, ele é a principal esperança ofensiva para tirar o time do buraco no Brasileiro.

O jogador só não tem ainda muito bem definida sua posição em campo. Em entrevista­s recentes, o atleta disse que prefere atuar como meia. No entanto, também tem sido aproveitad­o pelas laterais do campo.

O Estado entrou em contato com Márcio Zanardi, o técnico que aprovou Pedrinho no Corinthian­s, para tentar descobrir como a revelação de 20 anos pode render melhor. O cara que viu no menino magrelo de 14 anos um talento não economizou elogios para falar do jogador.

“Ele é o camisa 10 nato. É desses meias clássicos, habilidoso­s. Guardadas às devidas proporções, tem as caracterís­ticas do Zico. Tem o estilo de um Maradona que faz o jogo andar. O Pedro tem essa qualidade, ele antevê o jogo, ele é muito acima da média”, analisou Zanardi que atualmente comanda a equipe sub-20 do Guarani.

Todo esse talento passou desaperceb­ido pelo Vitória e pelo São Paulo. Depois de ter sido dispensado por esses dois clubes, Pedrinho foi tentar a sorte no Corinthian­s. Zanardi lembrou que ele não inspirava muita confiança. “Era muito magro e franzino. Não tinha força.”

No teste do sub-15 alvinegro, em 2013, ele foi o último a ganhar uma oportunida­de. Só entrou em campo porque um atacante tinha faltado. Mas bastaram dois toques na bola para demonstrar potencial. “Ele dominou uma invertida de jogo de chaleira e chapelou o adversário”, lembrou Zanardi.

O treinador notou que um trabalho de fortalecim­ento muscular poderia revelar um grande talento. Foi então comentar com a diretoria que havia encontrado o meia que faltava à equipe. Os dirigentes também não deram muita atenção ao menino. Zanardi pediu que assistisse­m ao treino do dia seguinte. “Ele acabou com o coletivo. Uma hora depois, estava aprovado”, contou.

Pedrinho se tornou o camisa 10 da base. Ajudou nas conquistas do Paulista e da Copa BH sub-15. Depois, no sub-17, passou a atuar também pelas pontas e foi fundamenta­l no título mundial da categoria pelo time.

O bom rendimento chamou a atenção do profission­al. Pedrinho estreou no time principal em 2017. No total, tem 71 jogos e cinco gols marcados. Zanardi sabe que o jovem ainda precisa evoluir, mas tem certeza que logo estará na lista de Tite.

O técnico da base trabalhou também na formação do atacante Malcom, atualmente no Barcelona, e do volante Maycon, que está no Shakhtar Donetsk. Na opinião dele, Pedrinho tem potencial para ir mais longe do que esses dois talentos. “Não tem um meia como ele no Brasil. Não tenho dúvida que vai para a seleção brasileira.”

Para engrenar e se tornar titular absoluto do Corinthian­s, na opinião de Zanardi, só falta uma coisa: “Ele precisa de um treinador que dê uma sequência para ele. Quando isso acontecer, ele deslancha”, finalizou.

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DANIEL AUGUSTO JR. / AG. CORINTHIAN­S-3/11/2018 Talento. Para Zanardi, Pedrinho ainda jogará na seleção

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