O Estado de S. Paulo

Projeto Escola sem Partido vira mote de governador eleito

Doria defende aprovação de proposta, bandeira de Bolsonaro; para futuro secretário de Educação, medida é ‘desnecessá­ria’

- P.V e R.C.

Uma das principais bandeiras de aliados do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), o projeto Escola Sem Partido foi defendido ontem pelo governador eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), durante entrevista coletiva na qual ele anunciou que o atual ministro da Educação, Rossieli Soares, será o seu secretário a partir do ano que vem.

“Escola é lugar de aprender. Não é lugar de fazer política. Escola sem partido. Essa é a minha posição”, disse Doria. A seu lado, Rossieli afirmou que o projeto de lei é “desnecessá­rio” porque “já há mecanismos que impedem a partidariz­ação”.

O projeto estabelece que as salas de aula deverão ter um cartaz especifica­ndo seis deveres do professor, como “não cooptar os alunos para nenhuma corrente política, ideológica ou partidária”. A iniciativa também altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação para que disciplina­s que tenham como parte de seu conteúdo questões de gênero ou que tratem sobre orientação sexual sejam proibidas em salas de aulas.

O ministro da Educação, porém, nunca defendeu o projeto de lei que tramita na Câmara e criticou recentemen­te a atuação da deputada estadual eleita por Santa Catarina Ana Caroline Campagnolo (PSL), que pediu a estudantes para filmar e denunciar professore­s.

Segundo Rossieli, estudantes e pais podem fazer denúncias para a direção da escola e para as secretaria­s de educação se constatare­m abusos.

Na entrevista coletiva ao lado de Doria, o ministro criticou a “partidariz­ação” do ensino. “Não pode ter partidariz­ação na escola. Independen­te de lei.” O novo secretário de Cultura e Economia Criativa, Sergio Sá Leitão, também se disse a favor do Escola sem Partido. “Esse projeto não pode ser fator de restrição à pluralidad­e, mas há casos preocupant­es de salas de aula que viraram palanques eleitorais”, disse ele, atualmente também no ministério do presidente Michel Temer.

Comissão. Educadores que criticam o projeto dizem que ele fere a liberdade do professor e impede que a escola seja um ambiente de debate de ideias, o que é considerad­o essencial para a aprendizag­em. A comissão especial da Câmara que analisa o projeto de lei da chamada Escola sem Partido (PL 7180/14) deve se reunir hoje para discussão. Ela analisa o parecer do deputado Flavinho (PSC-SP).

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RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS Rossieli. Contra projeto que tramita na Câmara dos Deputados

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