Democratas têm, sim, razões para celebrar
Aonda azul pela qual os democratas esperavam não se concretizou completamente, mas os dias de controle de um só partido em Washington acabaram. A força de Donald Trump nas áreas rurais manteve o Senado com os republicanos, mas distritos urbanos e suburbanos enviaram uma mensagem clara: eles querem um controle sobre o presidente.
Quando o Congresso for empossado, em janeiro, democratas serão capazes de conter projetos de lei de Trump e iniciar investigações sobre alegações de má conduta do presidente e de sua administração. Se o procurador especial Robert Mueller encontrar provas substanciais de conduta ilegal na eleição de 2016, terá apoio para ir adiante.
Depois de oito anos em minoria, os democratas, que esperam recuperar a Casa Branca em 2020, também terão de provar que estão interessados em governar – e moderar as ambições dos esquerdistas mais radicais do partido. Líderes democratas já disseram que pretendem pressionar por investimentos em infraestrutura e leis para controlar custos em alta de medicamentos. Mas sem números avassaladores, não terão força para pressionar por iniciativas que sua ala mais à esquerda defende: um sistema de saúde de pagamento único, a ousada expansão do acesso à faculdade e controle sobre a aplicação da legislação migratória.
As eleições legislativas são sempre um referendo sobre o presidente e foram mais ainda agora, quando Trump disse que quem estava nas urnas era ele. Historicamente, o partido fora do poder obtém cadeiras na primeira metade de uma presidência. Os democratas seguiram esse padrão.
Diferentemente das eleições legislativas de 2006, quando George W. Bush declarou que os democratas haviam dado “um nocaute”, ou em 2010, quando Barack Obama falou de “uma derrota decisiva”, os democratas não conseguiram uma vitória esmagadora. Mas eles têm muito o que comemorar. Não apenas conquistaram os distritos onde eram favoritos, mas controlaram muitos onde não eram.