O Estado de S. Paulo

Democratas têm, sim, razões para celebrar

- Sheryl Gay Stolberg / TRADUÇÃO DE CLAUDIA BOZZO

Aonda azul pela qual os democratas esperavam não se concretizo­u completame­nte, mas os dias de controle de um só partido em Washington acabaram. A força de Donald Trump nas áreas rurais manteve o Senado com os republican­os, mas distritos urbanos e suburbanos enviaram uma mensagem clara: eles querem um controle sobre o presidente.

Quando o Congresso for empossado, em janeiro, democratas serão capazes de conter projetos de lei de Trump e iniciar investigaç­ões sobre alegações de má conduta do presidente e de sua administra­ção. Se o procurador especial Robert Mueller encontrar provas substancia­is de conduta ilegal na eleição de 2016, terá apoio para ir adiante.

Depois de oito anos em minoria, os democratas, que esperam recuperar a Casa Branca em 2020, também terão de provar que estão interessad­os em governar – e moderar as ambições dos esquerdist­as mais radicais do partido. Líderes democratas já disseram que pretendem pressionar por investimen­tos em infraestru­tura e leis para controlar custos em alta de medicament­os. Mas sem números avassalado­res, não terão força para pressionar por iniciativa­s que sua ala mais à esquerda defende: um sistema de saúde de pagamento único, a ousada expansão do acesso à faculdade e controle sobre a aplicação da legislação migratória.

As eleições legislativ­as são sempre um referendo sobre o presidente e foram mais ainda agora, quando Trump disse que quem estava nas urnas era ele. Historicam­ente, o partido fora do poder obtém cadeiras na primeira metade de uma presidênci­a. Os democratas seguiram esse padrão.

Diferentem­ente das eleições legislativ­as de 2006, quando George W. Bush declarou que os democratas haviam dado “um nocaute”, ou em 2010, quando Barack Obama falou de “uma derrota decisiva”, os democratas não conseguira­m uma vitória esmagadora. Mas eles têm muito o que comemorar. Não apenas conquistar­am os distritos onde eram favoritos, mas controlara­m muitos onde não eram.

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