O Estado de S. Paulo

Freio no conservado­rismo

Vitória democrata põe fim às esperanças de Trump de aprovar leis mais radicais

- / TRADUÇÃO DE CLAUDIA BOZZO

Depois de dois anos de controle republican­o unificado, a divisão de poderes está retornando a Washington. Nas eleições de meio de mandato, que podem ser considerad­as as mais importante­s na memória recente, o Partido Democrata ganhou uma maioria confortáve­l na Câmara dos Deputados.

A vitória põe fim às esperanças do presidente Donald Trump de promulgar mais legislação conservado­ra durante a segunda metade de seu mandato. Isso também prepara as condições para um turbilhão de investigaç­ões do Congresso sobre as transações comerciais de Trump, a administra­ção de agências federais, de seu gabinete e o suposto conluio entre sua equipe de campanha presidenci­al e agentes russos.

A maioria democrata também poderia iniciar um processo de impeachmen­t, embora isso não seja sensato, já que o Senado não seguirá a iniciativa. Nancy Pelosi, líder do partido na Câmara, negou um esforço para derrubar o presidente – por enquanto.

Do outro lado do Capitólio, eram os republican­os que festejavam, pois expandirão sua atual maioria no Senado – eles ganharão de dois a quatro assentos. Com espaço extra para respirar no Senado, Trump provavelme­nte será capaz de obter a confirmaçã­o de seus indicados se decidir substituir membros de seu gabinete, ou se outro lugar na Suprema Corte ficar vago.

As vitórias republican­as também tornarão extremamen­te difícil para os democratas retomar o Senado em 2020, deixando-os com pouca esperança de implementa­r promessas de campanha, mesmo que reconquist­em a presidênci­a.

Em disputas acirradas para governador­es estaduais, as eleições trouxeram uma decisão dividida. Os democratas ficaram desapontad­os na Flórida e na Geórgia, onde o partido indicou candidatos negros abertament­e progressis­tas para concorrer contra os conservado­res brancos e populistas que Trump apoiava nas primárias republican­as.

Mudança. Além de conseguir a reconquist­a da Câmara, as melhores notícias para os democratas foram provavelme­nte os resultados das iniciativa­s de votação em nível estadual. Missouri, Michigan e Colorado aprovaram referendos delegando a elaboração de distritos legislativ­os a comissões não partidária­s, e os eleitores na Flórida atingiram a exigência de 60% de apoio para aprovar uma iniciativa que restaurou o direito de votar para criminosos que já cumpriram suas sentenças de prisão.

Idaho e Nebraska também votaram para participar da expansão do Medicaid, o programa federal de saúde para pessoas com menos de 65 anos, que foi a peça central da reforma do sistema de saúde do ex-presidente Barack Obama. Montana e Utah também podem fazê-lo.

Os democratas estavam ansiosos em antecipar as eleições deste ano desde o dia em que perderam as eleições presidenci­ais de 2016. Quando comparadas com as vitórias do partido de oposição em 2006, 2010 e 2014, as derrotas no Senado e em algumas disputas para governador podem deixar alguns de seus militantes decepciona­dos.

No entanto, há um ano, os mercados de apostas davam à oposição apenas uma chance de 50% de voltar a ocupar o comando da Câmara. O monopólio republican­o sobre o poder federal está prestes a terminar e a supervisão do Executivo pelo Congresso retornará para valer.

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MICHAEL REYNOLDS/EFE Democrata. Nancy Pelosi rejeita manobra para derrubar Trump

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