‘Biquinho de Nenê está no pacote’, afirma Lugano
Diretor critica postura de camisa 10, que mostrou insatisfação ao ficar na reserva nos três últimos jogos da equipe
O São Paulo se manifestou pela primeira vez de forma pública sobre a insatisfação do meia Nenê com a condição atual de reserva da equipe. No último domingo, o jogador não saiu do banco durante o empate com o Flamengo e acabou indo embora do Morumbi com cara de poucos amigos e bem antes dos demais companheiros.
Na última terça à noite, durante evento de lançamento do filme “Onde A Moeda Cai em Pé: A História do São Paulo Futebol Clube”, o ex-zagueiro Lugano, hoje diretor de relações institucionais do clube, criticou a postura do camisa 10, mas também ponderou ao citar a importância do jogador para a campanha da equipe nesta temporada.
“Já joguei com Nenê. Conheço muito bem. O mesmo biquinho que faz no São Paulo, ele fazia comigo no Paris, fazia no Catar, fazia sempre. Quando Nenê chegou ao São Paulo, já veio com isso... No pacote Nenê está incluído o biquinho quando não joga”, afirmou.
A menção a Paris diz respeito ao período em que os dois jogaram
juntos pelo Paris Saint-Germain, entre 2011 e 2012.
No time parisiense, Nenê começou a se incomodar quando astros como o sueco Ibrahimovic chegaram e ocuparam espaço. No início de 2013, Leonardo, então diretor esportivo do clube, chegou a reclamar publicamente do atleta: “Ele não estava acostumado a ficar no banco. Deveria ter se adaptado à nova situação e não o fez”, disse, na ocasião, ao jornal L’Équipe.
A dificuldade de lidar com o papel de coadjuvante ganhou novo capítulo no Vasco, no ano passado. Em atrito com o então técnico Milton Mendes, o meia chegou a treinar separadamente
do elenco, em julho. Mendes alegou que não poderia contar com jogador que, nas palavras dele, teria pedido para ser negociado. No fim das contas, Nenê acabou pedindo para ser reintegrado e ficou em São Januário até o fim do ano, quando acabou contratado pelo São Paulo.
Diferente. Apesar de estar ciente do “pacote Nenê”, Lugano afirmou que, se ainda jogasse no São Paulo, a situação poderia ser diferente. “Obviamente, se eu jogasse e hoje fosse parte do vestiário, talvez ele faria menos. Eu teria muito mais autoridade para antecipar esse momento. Não deixa de ser uma situação que vocês, imprensa, gostam de falar, e ele dá assunto. Mas, dentro do clube, sabemos muito bem desde o momento em que chegou ao São Paulo como ele é, importante e grande profissional. Foi importante neste ano para o São Paulo”, disse o uruguaio
Lugano vivenciou a experiência de ser reserva no ano passado, quando ficou quase a temporada inteira no banco de reservas. A diferença é que ele já não tinha para o time a mesma importância que tem Nenê, um dos artilheiros do São Paulo em 2018, com 12 gols.
“Ele vai ser muito importante, mas é um jogador de 37 anos e, como todo jogador dessa idade, está na última etapa da carreira e tem de entender isso. Futebol é intenso, físico, dinâmico e agressivo. No ano passado, eu passei por uma situação ainda pior e tive de assimilar. Assim é com todos jogadores do mundo quando a idade vai chegando”, completou.
Jogador do elenco são-paulino que mais atuou na temporada com 49 partidas, o camisa 10 sempre foi considerado um “fominha do bem” pela diretoria, ao menos enquanto as coisas davam certo e o time liderava o Campeonato Brasileiro. Resta saber como será daqui em diante, com a equipe na quarta colocação na tabela e sob pressão para manter a posição dentro do G-4. O próximo compromisso será no sábado, contra o Corinthians, em Itaquera.